quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pinacoteca do Estado de São Paulo







Logo após conhecer o maravilhoso Museu da Língua Portuguesa, atravessei a avenida e fui visitar a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Por ser o museu de arte mais antigo da cidade e certamente um dos mais importantes do país, os critérios de escolha das obras é feito pelo Conselho de Orientação da Pinacoteca, criado em 1970. Junto à significativa coleção de arte brasileira do século XIX, somam-se diversas obras de períodos posteriores. Além do acervo variado, o próprio prédio é uma construção belíssima, que aceita até intervenções modernas em acrílico.

A Pinacoteca é ponto de parada obrigatório para quem passa pela Praça da Luz, em São Paulo, e objetiva um passeio cultural. Recomendo!


Museu da Língua Portuguesa em São Paulo











O primeiro post sobre a visita cultural a São Paulo diz respeito ao Museu da Língua Portuguesa. Tinha que ser porque era sonho antigo e sabia que ia ficar extremamente emocionada, ainda mais quando soube que a exposição temporária da vez era dedicada a Fernando Pessoa, uma das minhas grandes paixões literárias.

Logo no primeiro andar dei de cara com painéis com fotos de Fernando Pessoa, frases que se formavam digitalmente nas paredes e até em uma piscina de areia. Versos espalhados nas paredes e livros digitais atraíam os olhares dos visitantes e da criançada. Em meio a tanta tecnologia, uma mesa repleta de livros (de papel) do escritor português, em várias edições. A iluminação é pouca e não é permitido o uso de flash, por isso as fotos ficaram um tanto sem nitidez.

Já no andar de cima, fica a exposição permanente, onde um grande telão fica mostrando histórias curiosas da língua portuguesa. Do outro lado, no mesmo pavilhão, um grande mural ou painel conta a história da língua até os dias de hoje. O museu é todo vigiado e organizado. Um passeio que vale muito a pena!!

Viagem a Sampa


Esta semana trarei aqui algumas das minhas impressões sobre a minha viagem a São Paulo no último final de semana, onde visitei museus, a Bienal de Arte e assisti a duas peças de teatro. Enfim, um passeio cultural mais do que esperado. Um sonho que se realizou e que por conta do trabalho e da falta de tempo, nunca virava realidade. Mas o tour não ficou só nos meios culturais não. Também passei por locais de compras, como o bairro da Liberdade, o Brás, a rua 25 de Março e a rua José Paulino. Tudo muito corrido, mas valeu a pena. Porém, o foco aqui será tudo aquilo que encheu minha alma de alegria, deslumbramento e êxtase, ou seja, aquilo que poucas coisas tem o poder de causar no ser humano, como é o caso da arte.
Só um detalhe: estava muito frio por lá (média de 16 a 20 graus). Pra um nordestino, isso é algo complicado...kkkkk

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Trecho de "Cavala"


Há poucos posts atrás comentei sobre o Prêmio Sesc de Literatura. E não é que hoje me deparei com um fragmento de um conto de um dos ganhadores do Prêmio de 2009? Estava terminando de ler a Revista Cult, quando vejo na última página o conto Fome, de Sérgio Tavares, escritor e jornalista. O conto integra Cavala, o livro vencedor na categoria Contos e publicado pela editora Record.

Antes de expor aqui um trecho do conto, preciso comentar que o autor é extremamente genial quando resolve inovar após a pontuação. Ele simplesmente ignora que a próxima palavra após o ponto deve começar com letra maiúscula. Nesse sentido, segue as linhas clariceanas e saramagueanas de se escrever. Além disso, um rico vocabulário e a utilização de bons argumentos metafóricos e sinestésicos garantem ao texto uma variedade sombria e elucidante ao mesmo tempo. É texto pra dar prazer, pra ser degustado, pra ser acariciado. Mesmo com palavras duras, a linguagem desce suave, lúcida, cheia de sentido.

A escolha do trecho foi proposital. Me identifiquei com algumas palavras, alguns trejeitos na linguagem. Mais adiante mostrarei um texto meu que parece um pouco com esse trecho que escolhi do conto para mostrar. Já está mais do que certo! Próxima aquisição literária: Cavala


Trecho do conto "Fome"

Neste instante, meu corpo começa a reagir em abstinência. uma fúria explode em jorros de sangue fervente pela musculatura retesada, queimando a corda que controlava o animal voraz, sedento e insaciável. estou ardendo entre as coxas e já não consigo mantê-las fechadas. ele permanece sob os umbrais, exatamente onde o quero, prostrado, com uma secreção mole escorrendo sobre os lábios manchados de iodo, carcomidos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Oceano Só



Gente, a pedidos, apresento-lhes novamente o texto "Oceano Só". Espero que gostem!


Oceano Só

Sou a solidão. Difusa, acelerada e lembro o mar revolto no meio do oceano, inteiramente sugador, cheio de sustos e presas, mistérios azuis, toda uma massa aguada e guerreira. Só, mas não só. Eu que sou a pura vaga alimentada. Carrego comigo a amiga apatia e o amante desespero. Então não sou essencialmente solitária. Tenho a nomenclatura chave de um ser vazio, mas ao mesmo tempo trago os indesejáveis porque estão naturalmente ligados ao meu existir.

Mania de querer perder o rótulo confuso de uma imagem desgastada e aterrorizante. Não nego a minha base destruidora. É o que me faz atuante e louca, ingênua e descompromissada, vagando em fios turquesa com lilás. Gasto o tempo que nem conheço só para apreciar o resultado de estar dentro dos desafortunados, acordando a selvageria adormecida e sacudindo a revolta.

E como um sopro, vento desorientado, sigo através da substância salgada, visitando areias e deixando formas descompostas, transparecendo a minha sina inescapável. Por onde flui meu sangue, o etéreo se desvanece em frescor e doçura. Um dia respirarei outra água. Ou talvez nem liquefaça mais.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Direções


Mesmo preenchido de tinta, de casaco ou de pó-de-arroz, o vazio existe no que já está cheio. As cores das fantasias, a proteção do dia-a-dia e a maquiagem que revestem a figura não são suficientes para o afarinhamento do buraco que mais parece uma azia vulcânica. Mal de amor? Mal de dor. Bem querer? Só querer. Desejo de uma palavra que vá salvar o sonho antes que seja extraviado para a terra da frustração. Lá, vivem os mendigos de aventuras. Melhor gritar como um corte na garganta até sair a última gota de pus deste avarento destino da normalidade. Olha-se a hora, vê o tempo refletir rápido e garante que os ponteiros estão pelo avesso. Não há mais instantes a perder. O abismo está à espreita. Escolha.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Livro "Oceano Só"







Pessoal, um de meus textos (confesso: é o que eu mais gosto) virou conteúdo de um trabalho de conclusão de curso de um amigo muito querido, chamado Edilberto Marcelino. Vou explicar melhor: ele resolveu fazer um livro utilizando o meu texto "Oceano Só", só que como a graduação dele foi em Design Gráfico, ele resolveu ousar "um pouquinho"...hehehe. Na verdade, ele dividiu o texto em versos. Cada verso ganhou uma página estilizada, com recortes, texturas, relevo, brilho e até cheiro, tudo de acordo com a interpretação que ele deu ao meu texto. O resultado foi um livro todo feito artesanalmente e com muito amor. Me senti muito honrada de ver meu texto ganhando vida em um livro e as possibilidades que ele pode dar a alguém que queira investir na criatividade. Nem preciso dizer que o trabalho do meu amigo foi super aprovado na faculdade né?
Bom, as fotos acima traduzem um pouco do trabalho de Edilberto. Um dia, quem sabe, a gente não faz em grande escala, pra que todos possam "degustar" esse misto de palavras e projeções criativas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ciclo Cinema e Literatura

Pessoal, já está acontecendo o Ciclo Cinema e Literatura, promovido pelo Setor de Eventos e de Atividades Culturais do Campus Prof. Alberto Carvalho, em parceria com o Departamento de Letras de Itabaiana (DLI/UFS). O evento está sendo realizado desde o último dia 8 no Auditório do Campus Prof. Alberto Carvalho da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Durante o Ciclo, são exibidos filmes adaptados de obras literárias brasileiras e debatidos por professores, ex-professores, alunos e ex-alunos da instituição. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas na Secretaria Acadêmico-Pedagógico (SEAP), localizada no Bloco Administrativo (Bloco A), ou mediante envio da ficha de inscrição (abaixo) para o e-mail cultura.ufs@gmail.co. Os participantes terão direito a certificado de 40 horas, para tanto é necessário ter no mínimo 75% de frequência.

Veja abaixo o calendário das próximas exibições:


*Dia 16/09/2010: O Corpo
Debate com Carlos Magno (Prof. do DLI/UFS);
*14/10/2010: Lavoura Arcaica
Debate com Fábio Rogério (graduando em História/UFS);
*16/11/2010: A Dama do Lotação
Debate com Romero Venâncio (Prof. do DFL/UFS);
*16/12/2010: Morte e Vida Severina
Debatedor: Antonio Carlos Viana (escritor)
*23/11/2010: Mutum
Debate com Jeane de Cássia (Profa. do DLI/UFS);
*25/10/2010: As Meninas
Debate com Nina Sampaio (mestranda em Letras/UFS);

Todo o resto

Não costumo reproduzir aqui um texto inteiro e sem alguma análise crítica, mas como gostei muito de uma crônica de Martha Medeiros, resolvi compartilhar com vocês aqui. Pois é... quando penso que já tenho a coleção completa do livros de bolso de Medeiros, eis que me surpreendo com mais um, pronto pra ser levado pra minha estante. Apresento-lhe abaixo a primeira crônica do livro "Coisas da Vida":

Todo o resto (Martha Medeiros)

"Existe o certo, o errado e todo o resto". Esta é uma frase dita pelo ator Daniel de Oliveira representando Cazuza, em conversa com o pai, numa cena que, a meu ver, resume o espírito do filme. Aliás, resume a vida.

Certo e errado são convenções que se confirmam com meia dúzia de atitudes. Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido. Errado é dar calote, repetir o ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede. Todo mundo de acordo?

Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós.

Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos músicas, amores e problemas, e somos curiosos, queremos espiar pelo buraco da fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto.

O amor é certo, o ódio é errado, e o resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa história, caso viessem a público.

Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos, ou que obedecemos bem demais - a troco de que fomos tão bonzinhos?

Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca, que nos entorpece. O certo é ser magro, bonito, rico, educado, o errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto, e o resto nada tem a ver com esses reducionismos: é nossa fome por ideias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões.

Todo o resto é muito mais vasto. É nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e a inocência que se mantêm vivas dentro de nós mas que ninguém percebe, só porque crescemos. A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.

domingo, 12 de setembro de 2010

Versões suspeitas

A revista Bravo! deste mês traz, na seção de música, uma matéria intitulada "É o inverno que acaba, é a neve que derrete". O texto fala das mudanças pelas quais muitas músicas brasileiras são obrigadas a passar quando se transformam em versão para o exterior. Como algumas não tem sentido no país onde serão executadas, o conteúdo é modificado. Pior ainda é quando os arranjos ou a própria melodia sofre alterações. Outro dado em destaque na matéria é o fato de os gringos até hoje só quererem levar para fora as versões das canções das décadas de 40 e 60. A primeira, devido ao furacão midiático (para a época) Carmen Miranda. A segunda, devido à moda da Bossa Nova atravessando fronteiras mundo afora.

Mas a questão é: por que o calor do Brasil nas músicas da Bossa Nova tem que virar geleiras nas versões europeias? Ah, os franceses não iriam querer conhecer e absorver a massa cultural brasileira, que ferve e é cheia de notas calorosas? As 'águas de março', por exemplo, tão retratadas por Antonio Carlos Jobim, viraram 'águas do degelo'. Mas vou além: por que a música tem que ter versão para ser aceita, seja nos EUA ou na Europa? Se estiver em legítimo português brasileiral, elas não têm valor?

Bom, aqui chega música de tudo quanto é lugar, no original, com o conteúdo bem preservado. E a gente aqui que se vire pra adentrar naquela cultura e tente compreender o que está sendo dito. A não ser que nós escutemos aquelas versões toscas de Aviões do Forró e porcarias afins. Aí sim teremos nos vingado desses estrangeiros que teimam em levar para o mundo aquilo que não é mais Brasil, e sim um retalho de uma musicalidade diversificada, rica e corada de criatividade como é a brasileira.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Prêmio Sesc de Literatura

Pessoal, dei uma pausa aqui, mas agora estou de volta. Estou tomando coragem para me inscrever no Prêmio Sesc de Literatura. Como todos devem imaginar, meus textos não se encaixam em nenhum gênero literário, como conto ou crônica, mas sabemos que são do tipo prosa poética. Bom, então, pra você que tem o sonho de ser escolhido em um concurso deste porte, segue abaixo algumas informações e o link para o edital do Prêmio.

Promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), o Prêmio Sesc de Literatura tem como meta premiar textos inéditos nas categorias Conto e Romance, escritos em língua portuguesa, por autores brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil.

As inscrições deverão ser enviadas entre 10 de maio e 30 de setembro de 2010. A data que constar no carimbo do correio servirá como comprovante de inscrição no prazo determinado.
As obras inscritas serão analisadas por Comissões Julgadoras compostas por escritores, especialista em literatura, jornalistas e críticos literários, indicados pelo Sesc.

Mais info, segue link abaixo:
http://www.sesc.com.br/premiosesc/edital.html