sábado, 12 de novembro de 2011

Infinito em um


Sabia que em algum momento iria conhecer a obra de Alice Ruiz e chegou a hora. Nada como uma boa oportunidade de estar numa bienal do livro para encontrar uma coletânea com um preço convidativo. Já suspeitava que seria um amor literário a adentrar no meu universo, então não precisei fazer esforço para ficar deslumbrada com os poemas da mulher que compartilhou grande parte de sua vida com outro grande poeta, Paulo Leminski.

Paranaense, Alice nasceu em 1946 e, além de poetisa, também é considerada uma tradutora em potencial. Seu primeiro livro foi publicado aos 34 anos e chama-se "Navalhanaliga". Até agora, a escritora já publicou 19 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil. Especialista na modalidade haikai (formato de poesia japonesa), ela dá aulas sobre o assunto buscando despertar nos alunos os poetas loucos que podem existir dentro deles.

Na obra "Dois em um", editada pela Iluminuras, está reunida toda a publicação de Alice Ruiz produzida na década de 80. O livro, que ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia em 2009, traz o gosto da chamada "Poesia Marginal", passeia pelo Concretismo e arrasta o tom oriental em seus versos. "Dois em um" bem que poderia se chamar "Infinito em um", de tão rico de possibilidades, floreios, diversificação, inovação e sabores. É livro para se divertir com profundidade, degustando a objetividade latente que traz verdades da natureza humana. E com essa soma de contradições é que a obra se torna grande: emociona, transborda e revela. Pra que mais?

-----------------------

Poeminhas:

"depois que um corpo
comporta outro corpo
nenhum coração
suporta o pouco"

-----------------------

"a data de hoje
a data da tua vinda
fosse outro ano
seria vida"