domingo, 30 de setembro de 2012

Vai e não volta


Constância de sonhos, desmembramento de construções, olhar perdido na infinidade de possibilidades. O nada se prontifica, faz instalação em peito farto de tiros ao vento. E o cheio se aproveita para descansar enquanto não é chegada a hora de abastecer a vida com galanteios da música, floreios de amor e quedas menos bruscas. Já que o tombo existe, que seja apenas de raspão. A arma já está apontada para a cabeça e as ilusões não demonstram nem interesse em permanecer. Só o real agoniza, força a dor e desencanta até os mais lúcidos, calejando o que é de dentro e feito para ser intenso. Quanto mais se justifica o silêncio dessa agonia, mais ela se expande, ganha dimensões nada coloridas e flerta com a decadência. Sobreviver ao caos é preciso. E mais necessário ainda é ver o amanhecer ouvindo os violinos da vida pulsando e chamando para o combate. Assim a crença se volta para a necessidade do olhar infinito em busca da primeira dança de sorrisos a bailar pelo corpo. 

Foto: Lara Aguiar
- Obra de arte exposta no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires