segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Vinho em poemas

Amo novidades literárias. Sabendo disso, tenho amigos que me presenteiam com raridades em forma de álcool poético pra duplicar as minhas sensações e arrepios após uma leitura degustável. Estou falando de "Vinhos", livro de poemas de Cecília Ferreira, paulista, nascida em 1956, que já está na sua segunda obra. Anteriormente havia publicado "Instantâneos", também livro de poemas.
À primeira vista, um livro com capa dura, bem delicado, com papel especial, parece obra técnica para enólogos (especialista em vinhos). Mas, já na dedicatória, a beleza de uma frase que parece fazer eco nos nossos tímpanos. Cecília Ferreira diz: "A quem me cerca e permite a proximidade do meu olhar".
O sumário do livro aguça qualquer sentido. É dividido em 4 etapas: Mélicos, Cítricos, Amaros e Raros. A obra traz algo de, no mínimo, peculiar: não tem prefácio. Ou seja, apenas uma breve biografia da escritora. Talvez tenha sido uma escolha pessoal, uma forma de se fazer conhecer apenas através da leitura do público, que saboreia as páginas, sem interferências de opiniões alheias.

Segue abaixo trechos dos poema "Convivência" e "Da fé e do feitiço":

Convivência
Eu som,

você viola.
Eu carga,
você sacola.
Eu réquiem,
você ofício.
Eu couro, você tantã.
...
Eu crack,
você o vício.
Eu turba no seu comício.
Eu láudano,
você homicida.
Eu Freud no seu divã.

Da fé e do feitiço
Eu quero te ver insano,
sem a menor sensatez,
alienado, demente,
dizendo que vai fazer
aquilo que nunca fez.
Endoidecido de pedra,
arrebatado em feitiço
e quero poder dizer,
com a face mais contrita:
'nada tenho a ver com isso'.
...
Mas quero ser a culpada
pelo teu agir assim
bater mea-culpa em meu peito,
andar sorrindo por nada,
ser a bruxa de respeito
que te deixa desse jeito
- insaciado - meu anjo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Paixões impossíveis de Clarice


Em reportagem da revista Bravo! deste mês finalmente aparece a revelação de que Clarice Lispector nutria paixões impossíveis pelo romancista Lúcio Cardoso, homossexual assumido, e pelo cronista Paulo Mendes Campos, casado na época. A revista informa que o assunto foi abordado pelo jornalista norte-americano Benjamin Moser, na biografia que detalha a vida da escritora.
Ora, duas observações devem ser feitas. Primeiro, algumas biografias de Clarice já indicam grande parte de seus sentimentos e o carinho que sentia pelos amigos e possíveis amores. Segundo, por que um biógrafo dos EUA é que conseguiu esmiuçar a fundo a passagem da escritora neste mundo?
Bom, deixando essas questões de lado, o que importa é que esses amores não vividos alimentaram a inspiração de Clarice. Segundo o biógrafo, o amor não correspondido de Lispector por Lúcio - que deu a ideia do título para o seu primeiro romance, 'Perto do Coração Selvagem' - foi um dos motivos que levaram-na a cultivar a solidão. Já Paulo Mendes Campos foi como uma 'versão heterossexual' de Lúcio Cardoso. Como diz Moser, "ambos eram mineiros, católicos, talentosos e sedutores. Eram também perdulários, boêmios e alcoólatras". Enfim, os dois alvos sortudos do olhar de Clarice exerceram uma forte influência intelectual em sua obra.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pinacoteca em Sergipe

A partir do próximo dia 24, Sergipe contará com a primeira Pinacoteca do Estado. A inauguração acontece graças à Universidade Federal de Sergipe, que já inicia com a Mostra Brasileira de Arte Contemporânea, reunindo 28 obras de de arte locais e nacionais até o dia 26 de fevereiro.
A diferença de uma pinacoteca para um galeria de arte é que a esta é mais voltada para as vendas das obras, enquanto que aquela foca em critérios como conservação, difusão e preservação das obras.
Estarão expostos trabalhos dos artistas plásticos: Al Bano (GO); Antonio Lisboa (PE); Brail (RS); Bené Santana (SE); Bete Sousa (BA); Baby Cuspy (SE); Clúdio Vieira (SE); Deny (SE); Deolando Vieira (SE); Duda Tavares (SE); Fábio Sampaio (SE); Gilson Amaral Cardoso (BA); Guimarães (PE); Helder (SE); Jordão de Oliveira (SE); Joubert Moraes (SE); Leonardo Alencar (SE); Luiz Marcelo (BA); Marcelo Uchôa (SE); Rosalin Garrido (MA); T’Alcântara Mendonça (SE) e Zuinar Souza (BA).
A visitação é permitida ao público de segunda a sexta, no Cultart, das 8h às 12h e das 14h às 18h.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Prêmio Jabuti

Na última quarta-feira, 4, foi realizado o evento mais tradicional da literatura brasileira, que está em sua 51ª edição: Prêmio Jabuti. O premiado da noite foi o escritor gaúcho Moacyr Scliar, 72, pelo romance "Manual da Paixão Solitária", escolhido como o melhor livro de ficção de 2009. O autor, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, embolsou R$ 30 mil e recebeu a estatueta do Prêmio Jabuti, na Sala São Paulo, na Luz (região central de SP).


"Manual da Paixão Solitária"

Autor: Moacyr Scliar

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 216

Quanto: R$ 39,50