segunda-feira, 14 de março de 2011

Cartas extraviadas e outros poemas


Ontem finalizei a leitura do livro "Cartas Extraviadas", de Martha Medeiros. É uma obra que contém diversos poemas falando de amor, de desilusão, solidão, esperança e principalmente reflexão. Sou fã e já falei apaixonadamente da sua obra várias vezes aqui no Artscritta. Segue abaixo o poema que se encaixou perfeitamente naquilo que estou sentindo. Tocou-me profundamente:

"Dia após dia o mesmo prato requentado
tarde da noite e nada aconteceu
desperto no escuro
ainda é cedo pra acreditar
que vai haver futuro e que vale a pena
esperar de banho tomado"

quinta-feira, 10 de março de 2011

Uma concha à beira mar


Queria uma concha para me esconder desse mar rotineiro e pesadamente salgado. Ficar na areia, à espera de uma salvação que me leve para bem longe deste oceano de ofensas à dignidade de viver, onde eu pudesse estar coberta com uma manta grossa, completa, amarrada em meu corpo febril e vomitante. Ando a passos lentos, mal deixo pegadas e ainda faço questão de apagar o meu rastro. Sou destinada ao vento, aos devaneios, aos cabelos em desalinho. Tenho ardência no coração e firmeza no pulsar. Vivo a canseira dos dias iguais e sigo em frente, simplesmente por não ter uma opção vulcânica que pudesse pulverizar os meus sonhos e meus ideais. Deito na vida e me enrolo em um lençol de amenidades, olhando para os lados, certa de que vão me resgatar da monotonia da realidade.