terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Trecho de Medeiros

Pode até parecer repetitivo falar de Martha Medeiros por aqui, mas este trecho de sua obra me tocou tanto hoje, que resolvi reproduzi-lo no blog.


"Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto."

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Outra visão do azul

Golpe de estrelas quando abandonam o céu pouco iluminado. Meio-tom de azul amargo. O exagero de anil aparece: marcas da rejeição de agora há pouco. Motivos não são visíveis, muito menos a importância imediata da indiferença na mutação de tudo o que era colorido. Uma noite despenca absurda em cima de restos de uma aquarela que já suportou até o puro rubro sangue do caos. É só a cor se desbotar a cada instante numa sombra interna: a consciência. Amemos a voracidade dos sonhos, para não sermos seduzidos pelas derrapagens do que dói ainda blue. Pelo menos a poesia faz visita em dias brancos de mar, quando a onda se mistura com o grosso caldo da água e gera a espumosidade alva. Ah, se o infinito fosse lilás...


Texto escrito em 2005.
LA

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Febre da sombra

A sombra que me aflige tem a largura de um drama. O diâmetro colorido de exageros, a douradez dessa margem e o árido sabor da garganta estourada arrepiam os pêlos de dentro. Enquanto isso, os pés gelam, a boca roxeia, o sangue se esconde depois da esquina. E assim vou, água fervente, escorrendo por entre os dedos da ânsia. Sou flama, talvez cama. Ou também febre. Ardor que cresce a cada transpiração para virar sal, água e angústia. É o suor dos sonhos desgastados pedindo líquido e renovação. No fim, a vida sempre hidrata.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Filme "500 dias com ela"







O filme “500 dias com ela” passou tão rápido por Aracaju (uma semana) que nem deu tempo de eu ir assistir. Já tinha me interessado pela história assim que li a sinopse, mas não sabia o que me aguardava. Pois bem. Ontem, na Orla, estava lá à venda, o DVD pirata. Não pensei duas vezes e comprei. E confesso mais: não me arrependi. As imagens estão ótimas e o filme é muito fofo.
Bom, vou explicar por que ele é fofo. A história parece até batida, contando o caso de um rapaz que se apaixona por uma mocinha e não é correspondido. Pois então. A graça é justamente essa: ver a capacidade criativa de um diretor ao retratar o mesmo tema com tanta singeleza e diversidade. Marc Webb, mais conhecido como diretor de videoclipes, é estreante na direção de longa-metragens.
O filme tem alguns aspectos primorosos, como a não-linearidade, a inserção de musicais e de situações sonhadas pelas personagens principais. A todo instante aparece a voz de um narrador, o que dá um tom bastante hilário ao filme. A gente sente a dor do apaixonado, mas de forma leve, lúdica, e até engraçada. Na verdade, é fácil de se reconhecer naquela situação. Afinal de contas, quem nunca teve um amor que não vingou?
A escolha de Joseph Gordon-Levitt para o papel principal foi fundamental para dar um ar expressivo ao filme. O ator é bastante carismático e transmite a sensação da paixão em cada olhar. Já o alvo da paixão, a atriz Zooey Deschanel que interpretou a personagem Summer, é um mimo de tão bela e hipnotizante. Dá para suspirar ao ver as cenas de desejo e encantamento do deslumbrado personagem Tom. Mas, uma das delícias do filme é a trilha sonora, que chega recheada de clássicos do pop.
Não estou aqui afirmando que o filme é uma obra-prima. Não. Longe disso. Mas, no mínimo, vale a pena pelas boas risadas que a condução dos acontecimentos proporciona. É filme pra fazer a gente refletir sobre as possibilidades do amor, sobre a não-correspondência das relações, sobre a percepção de que tudo depende de como enxergamos a realidade.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Leituramar


Continuo amando leituras. É o que mais me emociona. Leio Martha Medeiros e tenho vontade de chorar de contentamento por tanta identificação, por ver o que penso transformado em palavras, por saber de coisas que não imaginava, por trazer à tona pensamentos que se escondiam dentro de mim. É mágico e libertador. É através dos livros que me transporto para outras realidades, porque na verdade o que importa é a vida de dentro, é o que se sente, mesmo quando só se consegue imaginar como seria o século XVI em Roma. Com a leitura consigo me achar, me entender melhor, e talvez me aceitar. Vejo o mundo com os olhos da palavra. As letras ganham vida e e eu fico aqui assistindo-as dançar, formar texto, clareando ideias. Cada leitura é um gozo do espírito, é a reforma da inteligência, é o sopro do invisível. Cada leitura é prova de amor também. Um amor devoto, um amor pela descoberta do que sou.