segunda-feira, 10 de maio de 2010

Coletâneas sem noção


Nos últimos anos tem se proliferado análises literárias, coletâneas e diversos livros de biografia, troca de cartas, entrevistas, fotos e frases de Clarice Lispector. Ótimo! Significa que a 'bruxa do instante-já' está cada vez mais popular. Mas, o último lançamento no mercado chega a ser patético. A ideia agora é só vender, vender e vender cada vez mais, se aproveitando da cegueira dos colecionadores e apaixonados pela escritora.

Trata-se de uma coletânea de contos de Clarice, escolhidos por diversas personalidades brasileiras que não se encaixam em nenhum nicho ou tribo ou setor específico. O livro chama-se 'Clarice na Cabeceira', foi organizado pela doutora em Letras, Teresa Montero, e editado pela Rocco.

A obra contém contos escolhidos por 22 pessoas que, segundo a organizadora, tem alguma influência no panorama cultural brasileiro. Fazem parte dessas escolhas, Luis Fernando Veríssimo, Fernanda Torres, Rubem Fonseca, Adriana Falcão, Maria Bethânia, Mônica Waldvogel e Malu Mader.

Antes de cada texto, aparece uma apresentação pelo participante que o indicou. A matéria do portal Uol chega até a mencionar: "Nem todas as apresentações são instigantes e algumas delas até merecem ser puladas, para não perder o êxtase em torno da obra clariceana".

O livro compreende contos das obras: “Laços de Família” (1960), “A Legião Estrangeira” (1964), “Felicidade Clandestina” (1971), “A Via Crucis do Corpo” (1974), “Onde Estiveram de Noite” (1974) e “A Bela e a Fera” (1979).

Lispector virando Coelho

Clarice tem um livro chamado 'O mistério do coelho pensante'. Será que as editoras acharam que ela se referia inconscientemente ao Paulo Coelho e agora querem torná-la a todo custo uma popstar da escrita?

Bom, mas por que você, leitor, compraria este livro, tendo tantos outros da própria Clarice à disposição nas livrarias? Repare se vou ler algum conto só porque Malu Mader indicou... Eles não perceberam que o leitor de Clarice não precisa ir pelos outros. Ele chega em cada linha por si só, curioso, pra dentro, gotejando sentimentos, com o sopro de vida que a autora nos deixou...

P.S.: A capa é o único sentido deste livro.

3 comentários:

Fátima Lima disse...

Salve garota, há tempos comprei esse livro. Meses... Talvez pela capa, essa foto de Clarice é mesmo instigante.. Mas concordo plenamente com você. Os comentários que antecedem cada conto, em sua maioria, são primários em relação a profundidade da obra de Clarice. Alguns de seus contos possuem uma complexidade que necessita de algumas ferramentas literárias para compreender a armadura textual. No entanto, a proposta de colocar leitores que não são "literatos" para apreciar a obra, me parece interessante desde que a proposta não se coloque numa produção "Aliciana". E não são leitores qualquer. Alguns deles, inclusive conheceream e conviveram com Clarice ( se me recordo acho que o Luis Fernando Verissimo). Por fim, uma análise que você lança e me faz pensar e concordar: a obra de Clarice precisa de comentadores? Penso que não. Mas, o que para mim foi interessante, é que a obra, ainda não acabada, me fez reler coisas fantástica como "Felicidade Clandestina" e conhecer outras coisas na profundidade que é sua obra aos olhos de uma leitora comum.

Karina Mendes disse...

Lara! Saudades de vc. Também estou com um blog, visite:http://amormaior-se.blogspot.com.
beijos***

Karina Mendes disse...

Oi LARA!

Veja o meu blog. http://amormaior-se.blogspot.com.
saudades de vc.
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