quinta-feira, 2 de junho de 2011

Água impiedosa


Indignação de corpo rejeitado, deitado na sarjeta dos sonhos, pisado numa calçada de feira qualquer. A fome pede um olhar direcionado para dentro, um conforto dos sentidos, um apaziguamento das sensações. Flor de angústia a desabrochar no peito onde todas as facas são cravadas. A sede vem forte: arrasta uma água impiedosa a descer goela abaixo. As necessidades básicas viram dificuldades mórbidas. O gosto do desprezo sai mais amargo que aquele café sem açúcar. E aqueles que deveriam amar, ah, aqueles... não sabem enxergar. São os cegos do egoísmo. O mundo não está preparado para oferecer o alimento. E aceitar a baixeza da realidade é cruel demais. O jeito é cuspir farpas: fogo da mudança acenando ao longe.

2 comentários:

Kiko disse...

Hummm... faz um tempo que não passo por aqui... desdém? talvez. medo? sei lá!
o entusiasmo para as coisas das quais gostava, se esvai, e fica a dúvida... será?
enlouqueci e nem sabia. sofri, mas nem queria. e pesar que um dia já foi mais... hoje é menos... menos tempo, menos dinheiro, menos apego, menos, menos, menos... saudades!

Ítalo Marcos disse...

Impossível ler você com os pés no chão..