terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Convulsão


Já sonhei com flores azuis que me diziam para não esquecer o futuro, porque é a partir dele que surgirá o pingo amarelo que reluzirá o meu chão. Como alguém que segura uma lanterna natural, a vida se abrirá perfeita e ensolarada, dizendo sim aos momentos, às angústias e às alegrias. Porque o que interessa é a aceitação do que existe, do que está agora, aqui dentro, fazendo chocar sonhos com realidade. Enquanto o senhor do tempo não apressa as horas, fico aqui a me debruçar sobre o presente, olhando para o que está em volta, para o vazio desse instante tão pueril. Segundos me tomam o ar, secam a minha garganta, reviram o meu estômago. Entro em convulsão de mim mesma. Sou, agora, língua enrolada de desejos. Por favor, tragam meu Gardenal. Chega de epilepsia emocional.

2 comentários:

Fátima Lima disse...

Trágico, profundo, cômico... Só sei que existem terapêuticas mais eficazes no tratamento das epilepsias existenciais... Um grande abraço....

Figueiredo Neto disse...

Gostei muito!