terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cartas de Rilke


Difícil falar de Rainer Maria Rilke (1875-1926), um dos autores de língua alemã mais conhecidos no Brasil. Já tinha ouvido falar bastante, o que sempre tinha me deixado curiosa. Mas, depois das facilidades ($$$) proporcionadas pela L&PM Pocket, adquiri o livo "Cartas a um jovem poeta". Não sou muito chegada em compilação de cartas de autores transformada em livro, mesmo que tenha sido através de um livro nesses moldes que cheguei a Clarice Lispector. Mas, a diferença desta obra é que ela não traz a compilação de cartas escritas por Rilke e o outro interlocutor, mas somente as cartas enviadas por Rilke ao jovem Franz Xaver Kappus, que as publicou em 1929.
Em cada carta, Rilke rememora um pouco do que Kappus lhe escreveu e responde com vários conselhos para o aspirante a poeta. Com uma escrita um tanto filosófica, mas com uma linguagem simples, Rilke consegue passar um pouco das suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida.
Rilke recomenda a quem deseja ser poeta, que volte para si mesmo e investigue o motivo que o impele a escrever. "Preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave com um forte e simples 'preciso', então construa sua vida de acordo com essa necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso", diz Rilke.
Uma das passagens mais interessantes está na pág. 35, quando ele fala que "obras de arte são de uma solidão infinita, e nada pode passar tão longe de alcançá-las quanto a crítica. Apenas o amor pode compreendê-las, conservá-las e ser justo em relação a elas".
Além da criação artística, Rilke dialoga sobre Deus, o sexo, o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão que jamais abandona o ser, assuntos que podem ser encontrados nas cartas que foram escritas no início do séc. XX.
Vale a pena conhecer esse poeta alemão que deixou registrado, em uma de suas cartas a Kappus, talvez a felicidade de ver sua obra sendo degustada por aspirantes a poeta como um dia ele deve ter sido: "Gosto de saber que meus livros estão em suas mãos".

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