quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Saramagueando...

Pessoal, desculpem-me recorrer a Saramago tantas vezes, mas é que ele está no Brasil promovendo o lançamento de mais um de seus livros e já soltou uma grande pérola: "Não precisei ler o Paulo Coelho. Uma boa doença vale por toda obra do Paulo Coelho".

Essa foi ótima!! Palmas para o querido e único prêmio nobel de literatura da língua portuguesa!!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ensaiando...


Tanta gente falando agora do livro "Ensaio sobre a cegueira"...

Parece que só agora foi publicado... Culpa - positiva - do filme, que acordou em muita gente a vontade de conhecer esta e mais outras obras de José Saramago.

De tanto as pessoas falarem, fui em busca do meu, pra saber onde estava e guardá-lo ainda mais. Sim, porque não empresto mais livros...kkk. Chega de emprestar e não mais tê-los de volta. São meus filhos queridos e não quero mais deixá-los à toa por aí...

Então, foi quando pensei ter emprestado, pois não achava de jeito nenhum. Hoje, quase sem querer, me bati de frente com ele, como num passe de mágica. Olhei a data - sempre assino e coloco a data nos meus livros - e estava lá 06/05/2003, dia de meu aniversário com dedicatória de minha mãe. Estava fazendo 21 aninhos e já me deslumbrava com Saramago. Lembro-me que foi um dos livros mais "pesados" que já li, tive pesadelos, mas tive que terminá-lo de uma tacada só, senão ficaria louca. Precisava ver o final e a redenção dos personagens. Me marcou tanto que cheguei a dizer à época que não leria tão cedo ou até nunca mais, tamanha angústia me causou. Acho que a sensibilidade estava mais aflorada. Não sei se reagiria da mesma maneira hoje. Aliás, o legal de reler qualquer obra é justamente isso: um novo olhar, adquirido com as vivências do dia-a-dia, as mudanças de opinião que só o tempo podem trazer.

Deixarei ele bem quietinho, no armário e na gaveta do coração...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sobre meus textos

Em agosto último foi publicada uma análise sobre os meus "textos literários" no Jornal da Cidade, pelo meu colega Ezequiel Monteiro, articulista do JC e advogado. Gostei tanto que resolvi colocá-la aqui na íntegra.
Obrigada, Ezequiel, pelo incentivo de sempre.


Contos inovadores - Conheci Lara Aguiar através de artigos de literatura e de filosofia que a talentosa jornalista escreveu no primeiro semestre deste ano. Mais recentemente, porém, ela trouxe a lume dois contos surpreendentes: “Estranhamento” e “ Oceano Só”, peças estranhas e delicadas como um madrigal moderno. Longe de contar histórias de personagens fictícios e cerebrinos, Lara é ela mesma a personagem de seus contos expressando-se na forma de confissões. Quando falo em confissão não estou me referindo necessariamente ao registro verídico e realista das experiências da escritora, mas ao discurso inspirativo suscitado por uma emoção seminal, que tanto pode aludir a um efetivo estado de alma da autora, como também consistir em uma confissão inventada e portanto uma emanação artística da subjetividade. Em um momento é Susan, em outro se fala do oceano profundo, tempestuoso e lindo que é a alma feminina. A proposta de Lara Aguiar, no prisma do conteúdo, é original e fecunda porque o seu desenvolvimento pode se tornar um instrumento investigativo e resgatador da essência interior da pessoa. Outro aspecto que chama a atenção nesses dois contos publicados de Lara Aguiar, e está ligado à sua substância confessional, pertine à estrutura ficcional, uma vez que a escritora emergente inova radicalmente a concepção do gênero literário como uma narrativa centrada em uma história. Ao produzir contos sem história, ou com uma história dispersa no tecido da confidência, a ficcionista surgente alarga sensivelmente as possibilidades da criação contística principalmente em nosso meio, caracterizado por um modelo naturalista e vetusto de contadores de história. Este articulista, que há quase três anos vem se exercitando no aprendizado da ficção curta depois de ter passado muito tempo desligado da literatura, está experimentando uma alentadora renovação em sua capacidade de criação a partir da leitura dos contos em exame. Normalmente os talentos novos cumprem uma fase inicial escorados na técnica e nos recursos empregados pelos artistas veteranos. Lara Aguiar é diferente. Logo nas suas primeiras peças quebrou um padrão estético e com seu ímpeto inovador vai exercer uma influência modernizante na curta ficção de Sergipe. Agora vêm as indagações: quantos contos já escreveu Lara Aguiar? pretende a escritora desenvolver sua proposta pesquisadora da subjetividade? podemos ter certeza da continuidade de sua experiência literária? Quanto a mim, observador opiniático, só posso dizer uma coisa: desde que comecei esta enfadonha colaboração no JORNAL DA CIDADE, esses primeiros contos de Lara Aguiar foram a coisa mais importante que aconteceu na curta ficção local. Não vejo as coisas como se apresentam em seu estágio atual, mas projetivamente. Acompanho o impulso inicial com meus olhos e vejo a trajetória estelar.

Poesia do nada




Cidadão das coisas miúdas lá do Pantanal, o poeta Manoel de Barros brinca com os bichos e as coisas nos livros que faz sobre "coisa nenhuma", como ele mesmo diz. É que, mesmo parecendo um vovô do sítio, gosta de inovar ao desarrumar a linguagem e garante que não gosta de palavra acostumada. Segundo ele, a "palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo pra ser séria".
Manoel de Barros escreve sobre o inútil, ou mais exatamente sobre aquilo que é visto como dispensável, ou mais ainda, que não é visto. Enquanto o escritor se deleita com os movimentos das formigas, as idéias são farejadas e vão parar nas diversas obras que produziu ao longo dos anos. Mais do que a tentativa de expressar um nada, Manoel de Barros tenta reconstruir o mundo a partir de sua própria linguagem, virando as costas para o óbvio e o comum.
Ao descortinar o essencial com tamanha brincadeira, o vovô do sítio não se intimida com os olhares de espanto dos leitores mais quadrados. Ele sabe que não dá para ser diferente ou focar o olhar na banalidade se não for por meio do jogo das palavras, de onde são extraídas as grandes pérolas da verbalidade. Dando voltas em si, a linguagem manoelana comprova o quanto "a expressão reta não sonha".
Em "Livro sobre nada" (1996), Manoel de Barros realiza grandes rupturas com o convencional e cria neologismos a cada instante de versos, levando os leitores a pensar outras imagens diante da nova construção lingüística, onde os objetos ganham outros significados e os verbos se alimentam de variedades, como nos casos em que a transfiguração verbal resulta em novidades de sentido.
O que assusta em Manoel de Barros é o desfazer da poesia, é o brinquedo com o qual ele parece sorrir toda vez que descobre uma nova realidade para o que já estava em ordem. Desconstruir parece ser o verbo da vez na metapoesia do autor, por meio de um retorno ao fazer poético, ao delírio de se transformar em palavra toda vez que assim ela desejar.
Com tanta densidade, Manoel de Barros não é para ser lido à toa, mesmo que seja uma tarefa divertida. Isso porque há muita palavra dentro da palavra de seus versos. Pode-se dizer que o grande componente da sua obra é a metáfora, mas sem esquecer a ação desestruturante das figuras originais que beiram o incompreensível. Porém, o estilo parece ser o objetivo do autor, que deve vibrar com a musicalidade e o não-dizer da poesia, além da fragmentação de sua prosa poética. Todas essas características fazem de suas obras uma realidade desencaixada dos gêneros literários já conhecidos.
O autor mato-grossense, nascido em 1916, já ganhou diversos prêmios literários e pertence à geração de 45. Considerado um poeta moderno, principalmente no trato com a linguagem, é avesso ao lugar-comum e um estudioso de expressões que ainda não foram gastas. Em Manoel de Barros, a poesia atinge o universal, até mesmo quando a natureza serve de inspiração para o criançamento das palavras.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bandeira de bolso


Passando o olho na Escariz, encontrei hoje um livrinho de uma edição especial de 2005. Comprei na hora, por R$ 9,90, "Manuel Bandeira - Libertinagem & Estrela da manhã", com apenas 64 páginas e alguns dos melhores poemas de Bandeira. Faz parte de uma Edição Comemorativa de 40 anos da editora Nova Fronteira e é apresentado por Godofredo de Oliveira Neto. Enfim, recomendo porque sempre é bom ter Manuel Bandeira na estante de casa, mesmo que seja uma amostra da sua obra.

Confira um trecho de "Não sei dançar":

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.

Manuel Bandeira (1886-1968)

Boa Luz


Ontem passei o domingo inteiro na Fazenda Boa Luz, no município de Laranjeiras. É tão pertinho... Adorei tudo, menos o preço...kkkkkkk
Só para entrar, R$ 35, com direito ao parque aquático e visita ao zoo. Mas qualquer coisa extra, como bóia, charrete, bicicleta, cavalo, lá vão mais trocados. Almoçar, então... É melhor ficar no lanchinho...
Enfim, amei o olhar de um gato que estava passeando no parque...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Carnaval dos sindicatos

Todos nós sabemos da importância de uma greve trabalhista. É através dela que são realizadas melhorias no funcionalismo público ou privado. Ah, temos a certeza também de que a greve foi uma grande conquista alcançada por trabalhadores de todo o mundo, no sentido de garantir os seus direitos. Mas, o que não dá pra entender é o porquê de grevistas promoverem passeatas em pleno horário comercial, em pontos críticos da cidade, parecendo mais um bloco de Carnaval do que propriamente uma luta pelos benefícios a serem conquistados.
Pra dizer a verdade: é um saco! Por que não se limitam a fazer "baderna" em frente à Assembléia Legislativa ou à Câmara de Vereadores, em praças no centro da cidade? Se a idéia é chamar atenção, nesses lugares já seria o bastante. Afinal de contas, quem vai resolver o problema deles se encontra naquelas duas casas, ou até mesmo nos palácios estadual e municipal.
O que eu, você e o povo tem a ver com isso? Não estou me excluindo das lutas sociais. Acho-as até muito justas. Mas por que eu preciso me atrasar para ir ao trabalho por conta de pessoas que, apesar de estarem lutando por causas nobres, me impedem de ir e vir? Elas não estão trabalhando, mas o resto da cidade está. E muito. Pior do que se atrasar para o trabalho, é se atrasar para ir ao médico, ou sei lá... qualquer tipo de pendência importante. Queria era uma ambulância do Samu gritando para que eles saíssem da frente. Esse tipo de manifestação, realmente, não resolve nada... Então, para que atrapalhar o direito do outro? Espero que todos reflitam sobre isso, no mínimo.

sábado, 1 de novembro de 2008

Pedágio?

Ultimamente tenho visto uma cena que me deixa com uma pontinha de indignação. Posso até estar errada, mas acho que pedir dinheiro no sinal deveria ser coisa de quem realmente precisa acabar com as necessidades primeiras, tais como: fome, sede, remédios. Mas não é só mendigos e crianças que vêm bater no vidro da porta do carro. A moda agora, cada vez mais comum, é estudantes universitários pedirem centavos para fazer viagens a congressos e até mesmo, pasmem!, colação de grau. Será que é pra festa de formatura?
Eles chamam esse ato de "pedágio". Com esse nome, realmente passa a sensação de cobrança obrigatória. São todos bem vestidos, provavelmente da classe média, com fantasias e faixas. Será que os pais sabem que seus filhos estão nas ruas "pedindo esmolas"? E o pior: por motivo ínfimo.
Ora, eu não tive festa e sobrevivi. Quanto à minha colação de grau, juntei meu dinheirinho de estágio e consegui. Eles têm que tentar também.