segunda-feira, 8 de abril de 2013

Couro fino


Vida aberta para a vociferação das confusões que vem das palavras. Dizemos o que não deveria ser dito. Calamos aquilo que poderia vir ao mundo como a força de uma faca sendo enfiada na carne de um animal que segue para o abate. Isso porque a realidade abre fendas naquilo que teoricamente já estaria cicatrizado, então a insolação desse ar bruto nos faz mais arredios e quentes de desgosto. Não se salva uma pedra cauterizada pelo suor desse sal do momento. Até lágrimas evaporam no calor da expectativa, mas pelo menos nos salvam em segundos de cortes afiados na garganta: o que estava preso, se liberta, senão pelo signo linguístico, pelo menos pela água salgada que escorre na face de quem tem o revestimento mastigado e a pele com três camadas expostas à selvageria do mundo. Enxertemos a epiderme de coragem e dureza, porque nesta caminhada áspera, só o couro grosso sobrevive.

2 comentários:

Janaina de Oliveira disse...

Bem verdade! É preciso ter forças para aguentar as boas pancadas que a vida dá, porém a cada novo baque a força aumenta. Nada mais justo =)

Anônimo disse...

Lara, realmente você está muito madura em sua escrita. Precisa de livro, não acha?
Luis de Matos
estrematos@yahoo.com.br