segunda-feira, 2 de julho de 2012

Teias de uma história


Desencontros, desamores, destemperos. Todos numa só construção de teias entre vidas que se cruzam em momentos distintos, cada um com suas verdades. O livro de Claudia Tajes, “Dores, amores & assemelhados”, traz um festival de desilusões, ilusões, pura vida amorosa em cada página. Esse cotidiano de coisas é o que move as personagens Júlia e Jonas num desenrolar sem fim.
Como o livro é dividido em partes, contando a mesma história só que em versões diferentes, pelos ângulos de visão dos dois personagens, a cada página virada é uma surpresa ver o pensamento de um e de outro sobre uma mesma situação. Como pensa o homem e como pensa uma mulher? Aí já entra num viés que trata de gêneros e então é melhor ficar por aqui.
O que importa é que a história prende o leitor, como se dissesse: devora-me ou te devorarei de curiosidade. Além disso, Tajes brinca com o não-dito, com as entrelinhas, com o texto fluido e rico de composições peroladas. Verdadeiras sentenças da existência com seus entrecruzamentos sendo relatados por Tajes, o que torna o conteúdo um tanto delicioso e excêntrico.
O humor é presença marcante nos textos de Claudia Tajes. Contagia devido à naturalidade com que as coisas são contadas, expressas, sentidas. Júlia e Jonas vivem uma história paralela, mas cheia de nuances interessantes. Enquanto isso, o leitor aprecia a vida dos dois como se estivesse olhando pela janela da vizinha fofoqueira. O final? Ah... Isso, só lendo. Leitura mais que recomendada.


Segue um trechinho abaixo:
"Supondo que a maioria das pessoas saiba como funcionam essas coisas, digo apenas que tomei muito cuidado para não passar nem perto da cavidade onde um dia houve um siso. Quarta-feira, na terapia, eu discutiria longamente a minha necessidade de manter uma imagem sexualmente agressiva, mesmo após uma cirurgia dentária". 

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