quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Máquinas de vender livros
Segundo a Folhaonline, as maquininhas começaram a funcionar em 2003 e acabam de alcançar a soma de 1 milhão de livros vendidos. São vendidos desde clássicos nacionais a autoajuda, além de obras técnicas (manuais de Excel e matemática), compêndios sobre pensadores, livros infantis e policiais.
"E, como de quase tudo se vende, compra-se de quase tudo, inclusive muito Nietzsche. O filósofo alemão é o autor com mais títulos à venda, 19, que seduziram 36 mil compradores desde 2004. 'Assim Falava Zaratustra' e 'Humano, Demasiado Humano' são os best-sellers nietzschianos, 9.000 exemplares de cada um no período", diz a Folha.
O que explica a alta vendagem? As edições são simples, de papel barato e pequenos formatos. Custam de R$ 2 a R$ 10 --a maioria entre R$ 3 e R$ 5. Cada equipamento comporta 280 volumes. Segundo a operadora, são vendidos cerca de 500 por dia --15 mil/mês, 180 mil/ano.
(Quando é que essas maquininhas vão chegar em Aracaju para popularizar a leitura?)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Poema de Fátima Lima
Amanhecido
"Luzes no cortejo
Iluminaram os dias
e assombrosas noites frias
onde esperava
sem ter certeza
o outro dia
E nem bem amanhecido
Vi o acontecido
Vi minha NUDEZ
Minha MUDEZ
Despida de mim
Chorei sob o tormento da luz..."
Mais poemas no blog: www.tessiturasemmim.blogspot.com
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Ocre

Ocre é esse gosto impregnado nas laterais da língua, onde só o confeito deveria plasmar. Mas neste céu de boca só a noite se alinha ao vento do que não quer descer: engolindo a vida a seco. Sem saliva, um ar vazio, ressecado... Quanta insistência dessas vias nasais! O pulmão esqueceu o que é sugar a vida com força e devolve ainda mais lenta a coragem. A respiração se torna densa, grossa de acasos. Mas o borrifo de uma purificação ainda é o esperado. Falta um espirro catarsento, no qual todas as bactérias do desgosto possam evaporar em contato com o mundo. Demos ‘um viva’ ao recomeço depois das viroses da realidade.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Vinho em poemas
À primeira vista, um livro com capa dura, bem delicado, com papel especial, parece obra técnica para enólogos (especialista em vinhos). Mas, já na dedicatória, a beleza de uma frase que parece fazer eco nos nossos tímpanos. Cecília Ferreira diz: "A quem me cerca e permite a proximidade do meu olhar".
O sumário do livro aguça qualquer sentido. É dividido em 4 etapas: Mélicos, Cítricos, Amaros e Raros. A obra traz algo de, no mínimo, peculiar: não tem prefácio. Ou seja, apenas uma breve biografia da escritora. Talvez tenha sido uma escolha pessoal, uma forma de se fazer conhecer apenas através da leitura do público, que saboreia as páginas, sem interferências de opiniões alheias.
Segue abaixo trechos dos poema "Convivência" e "Da fé e do feitiço":
Convivência
Eu som,
você viola.
Eu carga,
você sacola.
Eu réquiem,
você ofício.
Eu couro, você tantã.
...
Eu crack,
você o vício.
Eu turba no seu comício.
Eu láudano,
você homicida.
Eu Freud no seu divã.
Da fé e do feitiço
Eu quero te ver insano,
sem a menor sensatez,
alienado, demente,
dizendo que vai fazer
aquilo que nunca fez.
Endoidecido de pedra,
arrebatado em feitiço
e quero poder dizer,
com a face mais contrita:
'nada tenho a ver com isso'.
...
Mas quero ser a culpada
pelo teu agir assim
bater mea-culpa em meu peito,
andar sorrindo por nada,
ser a bruxa de respeito
que te deixa desse jeito
- insaciado - meu anjo.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Paixões impossíveis de Clarice

Em reportagem da revista Bravo! deste mês finalmente aparece a revelação de que Clarice Lispector nutria paixões impossíveis pelo romancista Lúcio Cardoso, homossexual assumido, e pelo cronista Paulo Mendes Campos, casado na época. A revista informa que o assunto foi abordado pelo jornalista norte-americano Benjamin Moser, na biografia que detalha a vida da escritora.
Ora, duas observações devem ser feitas. Primeiro, algumas biografias de Clarice já indicam grande parte de seus sentimentos e o carinho que sentia pelos amigos e possíveis amores. Segundo, por que um biógrafo dos EUA é que conseguiu esmiuçar a fundo a passagem da escritora neste mundo?
Bom, deixando essas questões de lado, o que importa é que esses amores não vividos alimentaram a inspiração de Clarice. Segundo o biógrafo, o amor não correspondido de Lispector por Lúcio - que deu a ideia do título para o seu primeiro romance, 'Perto do Coração Selvagem' - foi um dos motivos que levaram-na a cultivar a solidão. Já Paulo Mendes Campos foi como uma 'versão heterossexual' de Lúcio Cardoso. Como diz Moser, "ambos eram mineiros, católicos, talentosos e sedutores. Eram também perdulários, boêmios e alcoólatras". Enfim, os dois alvos sortudos do olhar de Clarice exerceram uma forte influência intelectual em sua obra.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Pinacoteca em Sergipe
A partir do próximo dia 24, Sergipe contará com a primeira Pinacoteca do Estado. A inauguração acontece graças à Universidade Federal de Sergipe, que já inicia com a Mostra Brasileira de Arte Contemporânea, reunindo 28 obras de de arte locais e nacionais até o dia 26 de fevereiro.
A diferença de uma pinacoteca para um galeria de arte é que a esta é mais voltada para as vendas das obras, enquanto que aquela foca em critérios como conservação, difusão e preservação das obras.
Estarão expostos trabalhos dos artistas plásticos: Al Bano (GO); Antonio Lisboa (PE); Brail (RS); Bené Santana (SE); Bete Sousa (BA); Baby Cuspy (SE); Clúdio Vieira (SE); Deny (SE); Deolando Vieira (SE); Duda Tavares (SE); Fábio Sampaio (SE); Gilson Amaral Cardoso (BA); Guimarães (PE); Helder (SE); Jordão de Oliveira (SE); Joubert Moraes (SE); Leonardo Alencar (SE); Luiz Marcelo (BA); Marcelo Uchôa (SE); Rosalin Garrido (MA); T’Alcântara Mendonça (SE) e Zuinar Souza (BA).
A visitação é permitida ao público de segunda a sexta, no Cultart, das 8h às 12h e das 14h às 18h.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Prêmio Jabuti
Na última quarta-feira, 4, foi realizado o evento mais tradicional da literatura brasileira, que está em sua 51ª edição: Prêmio Jabuti. O premiado da noite foi o escritor gaúcho Moacyr Scliar, 72, pelo romance "Manual da Paixão Solitária", escolhido como o melhor livro de ficção de 2009. O autor, que é colunista do jornal Folha de São Paulo, embolsou R$ 30 mil e recebeu a estatueta do Prêmio Jabuti, na Sala São Paulo, na Luz (região central de SP).
"Manual da Paixão Solitária"
Autor: Moacyr Scliar
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 216
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Clássicos adaptados para crianças
Os livros podem ser comprados no site da Livraria da Folha e custam entre R$ 23 e R$ 38.
sábado, 24 de outubro de 2009
Amortecido
Queria alinhavar o instante, pregar botões pra dar estabilidade ao tempo e ao pano, costurar em zigzags sem sentido, só pra ver a força da estampa amaciar um corpo. Mas, antes, preferia descer por entre escadas, entre salas, entre valas, até o bueiro mais próximo da minha infernidade. Tudo isso só pra ganhar córrego, captar sementes, sortear desgostos. Não, definitivamente não. O que está lá dentro deve ser bom, mas inatingível. Como vivo de negativas, enxergar o invisível é esforço pra lá de humano. E a minha humanidade já anda cansada. Talvez devesse ser fada. Ou anjo. Ou desdém. Deveria querer o sonho, a leveza, o menor impacto possível. Enfim, amor...tecido.
Texto: Lara Aguiar
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Dia da Sergipanidade
HORÁRIO | ATRAÇÃO |
15H | ABERTURA |
15H10MIN | LIRA SANCRISTOVENSE E ABRAÇO À PRAÇA SÃO FRANCISCO (COM ALUNOS DA REDE PÚBLICA ESTADUAL, MUNICIPAL E PARTICULAR DE ENSINO, ALÉM DO PÚBLICO PRESENTE) |
16H | APRESENTAÇÃO DE GRUPOS FOLCLÓRICOS |
16H05MIN | TAIEIRA |
16H25MIN | SAMBA DE COCO |
16H45MIN | ARTISTA LOCAL: JORGE E FÉLIX |
17H05MIN | APRESENTAÇÃO DE GRUPOS FOLCLÓRICOS: CACETEIRA |
17H25MIN | REISADO |
17H45MIN | ARTISTA LOCAL: JOÃO ROSA |
18H05MIN | APRESENTAÇÃO DE GRUPOS FOLCLÓRICOS: EMBOLADOR |
18H25MIN | SAMBA DE CÔCO |
18H45MIN | ENCERRAMENTO LIRA SANCRISTOVENSE |
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Coagulações
Estou ocupada em morrer. Não consigo matar, nem a mim nem aos outros. Resta-me a entrega ao obscuro. Será que lá tem luzes e um velho aconchego conhecido? Ao meio-dia espero o sol rachar meu desgosto, meus seios fartos de amor intenso, minha sorte mal herdada. Quando essa hora chegar, quero estar alerta para alcançar a vitória de uma derrota anunciada. E no exato momento do corte, estarei plena de todos os ódios, e verei todos se dissipando, virando farelo de sangue preso e coagulado. Lá embaixo, diante da própria queda, poderei vislumbrar o que perdi. E aí terminarei como num filme real, constatando a miséria de ter vivido seca, embaixo de uma sombra medíocre e infértil. Quando a dor quebrar até a última esperança, eu acordarei. Com a angústia rodopiando, eu sei. Mas ainda soltarei aquele sorriso só meu, pra dentro, de canto de boca. E serei outra, renovada, ofegante, lendo no espelho a chance de ainda mudar o traçado.
Texto: Lara Aguiar
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Contos de Lucia Castello Branco
Em seu livro “Contos de amor e não” – que título sugestivo hein? -, publicado pela editora Lamparina, Lucia Castello Branco derrama realidade com seus encontros e desencontros, tratando sem piedade dos revezes do amor, salientando a grande probabilidade do “talvez”, tão corriqueiro nos estados de paixão. Sinestésica até o último “não”, a linguagem de Lucia perpassa pelo mundo dos opostos, das contradições, das vontades e desvontades de que é feito o amor.
Digitei logo abaixo um dos textos de "Contos de amor e não":
“Talvez”
“Amanhã nos falaremos. Talvez...”
Então isso era tudo? Era assim que ele a abandonava? Antes o senhor do silêncio, depois o senhor das sofreguidões, depois outra vez o senhor do silêncio, assim em meio às reticências, era esse o tudo a que se reduziam tantas palavras ditas e por dizer?
Ela atravessava a rua, retirava o batom, a gargantilha, os anéis. Ela retirava a gargantilha e, nesse gesto seco, áspero, era como se a mão dele ali estivesse a lhe cortar a garganta. “Nunca mais lhe direi” – ela pensava – “nunca mais lhe direi”.
E caminhava, passos lentos, como quem pudesse se abandonar à noite. Nos sinais de trânsito, os meninos, subitamente transformados em palhaços de circo, engoliam fogo. Isso era a desgraça: pequenos homens, meninos ainda, engoliam fogo. E ela, que mal conseguia engolir as próprias lágrimas enquanto atravessava a rua, tinha medo de que o pescoço não suportasse a gargantilha de contas negras, não sustentasse a cabeça de pensamentos baços, não suportasse os ombros sem memórias de afagos, sem futuros de afagos, sem afagos vãos.
“Meu Deus” – ela se lembrou – “preciso ainda comprar algumas gotas de chocolate para adoçar a boca de meu pequeno”. Sim, o filho, também um menino que amava fogo, havia ficado sentado no canto da cozinha, implorando por gotas de chocolate.
Mas, a essas horas, já não havia lojas abertas. Já não havia chocolates, nem meninos insones, nem vozes de criança. O que havia era a noite e o aberto da noite e o aberto de uma garganta que não diria nenhuma das palavras que a noite lhe pedira, e o aberto de um céu sem estrelas e de um amor suspeito.
Até que, do outro lado da serra, ela avistasse a lua. Branca a noite sem estrelas, mas havia a lua.
Aberto, como se a convidasse à suspensão, o manto da noite a envolvia. Como a envolveriam os braços dele, se possível fosse dilatar a noite, como a envolveriam os meninos engolidores de fogo, se ela se entregasse a seus afagos, como a envolveriam as palavras enfim pronunciadas se a garganta em soluços sufocada não fosse interrompida pela lâmina fina de um talvez.
Mesa Redonda sobre Núbia Marques
O evento contará com a participação de Gizelda Morais (coordenação), Beatriz Góes Dantas, Jackson da Silva Lima, Sonia Barreto e Wagner Lemos, e acontecerá no Mini-Auditório da ASL, rua Pacatuba, 288, Centro de Aracaju.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
O peso da contração
Angina pectoris da alma
Só que dessa não se morre. Mas tudo, menos a angústia, não? Quando o mal vem, o peito se torna estreito, e aquele reconhecível cheiro de poeira molhada naquela coisa que antes se chamava alma e agora não é chamada nada. E a falta de esperança na esperança. E conformar-se sem se resignar. Não se confessar a si próprio porque nem se tem mais o quê. Ou se tem e não se pode porque as palavras não viriam. Não ser o que realmente se é, e não se sabe o que realmente se é, só se sabe que não se está sendo. E então vem o desamparo de se estar vivo. Estou falando da angústia mesmo, do mal. Porque alguma angústia faz parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Fluir
esse salvador
das horas cruéis
dos momentos ingratos,
das passagens intermináveis,
da folha que não quer
sair do lugar.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Poeira de amor
Onde deixei meu sangue viril, minha voz grave gritando coragem, meu texto anti-regras? Vou buscar a essência que foi exposta na parede das lamentações e abraçar as dores para que elas se sintam menores e se esfacelem aqui dentro. E sonho mais: a cabeça voltada para cima, a chuva de choro contemplativo para trazer o alívio de uma proteção aguardada e justificável. Quero esquecer o desejo no bueiro da primeira esquina fétida da minha cidade orgânica.
Lara Aguiar
Uma pessoa...
Vou chamar de pág. 123, versículo 93:
Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações que a intensidade da consciência delas. Sofri sempre mais com a consciência de estar sofrendo que com o sofrimento de que tinha consciência.
A vida das minhas emoções mudou-se, de origem, para as salas do pensamento, e ali vivi sempre mais amplamente o conhecimento emotivo da vida.
E como o pensamento, quando alberga a emoção, se torna mais exigente que ela, o regime de consciência, em que passei a viver o que sentia, tornava-me mais quotidiana, mais epidérmica, mais cintilante a maneira como sentia.
Criei-me eco e abismo, pensando. Multipliquei-me aprofundando-me.
domingo, 20 de setembro de 2009
Poema Moseiano
Queria escrever todas as plantas e pessoas, todos os rios.
Os muros, as cores, os homens.
As senhoras de idade, as caixas de correio, os espanhóis.
Os olhos e as ruas, os tamanhos e larguras, as alturas.
As pernas, os falos, os pêlos, os pulsos.
Queria escrever o ritmo das pedras, das estradas calçadas.
Das margaridas. Escrever o que manda e o que obedece.
O que cresce e o que padece de amparo. O que afunda,
O que eclode. Escrever o que não sabe e o que não cabe
Em lugar nenhum.
E viver a escrita das coisas. Não as coisas
Que não me cabem. Coisas e pessoas não me cabem
E sem cabimento me atravessam.
Pessoas passam depressa demais entre meus poros. E vão.
Eu tenho uma imagem presa na garganta.
Ser gente me arranha. Quero voltar a ser palavra
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Vontade de vida

No poema abaixo, Viviane Mosé parece descrever o fim querendo aprisionar mais uma vítima. A morte querendo chegar, os sintomas se aproximam, nada muito claro, mas o narrador nega essa realidade até a última gota. É a vontade de vida pulsando mais forte.
Não é uma gripe, um joelho ralado.
Não é garganta inflamada.
Nem piolho.
Não é sinusite, otite, cansaço.
Não é o que passa com antibiótico, analgésico.
Picada de inseto, bicho-de-pé, dor de cabeça não é.
É um desacerto, um desconforto, um desatino, uma dispersão.
A terra chama alguém pro chão.
Mas eu não, eu não.
Ainda não sei morrer.
Ainda não sei não.
Viviane Mosé
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Ouro na poesia

Durante esta semana postarei alguns poemas da minha mais nova descoberta. Adoro me fantasiar de garimpeira e achar ouros tão refinados como o livro "Pensamento chão", de Viviane Mosé, com uma poesia tão leminskiana, doce, onde a palavra é o maior triunfo que pode existir. Viviane parece que caminha lado a lado a Manoel de Barros, outro poeta dos pormenores, do indizível, das brincadeiras com a linguagem. E é esse susto a cada verso o que faz tremer o leitor com sede de textos cada vez mais ricos, densos, curtos, plurais e metafóricos. É tudo poema-poesia em si.
Tem gente que tem o costume de vazar pelos cantos.
No começo vaza calada. Aos poucos. Aos pingos.
Mas se pega gosto principia o derrame.
Escorre quando fala. Escorre quando anda.
Não tem mais braço nem cabelo que segure.
Parece que vicia em ficar transbordada.
Mas tem gente que quando transborda é pra dentro.
E corre o risco de ficar represada. E represa você sabe.
Se aumenta muito arrebenta.
Mas se a pessoa ensaia um jeito de derramar pra fora.
Aí vai fazendo leito. Vai abrindo seu caminho na terra.
E a terra parece que se abre pra ela passar. Às vezes não.
Viviane Mosé
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Poeminha de Cecília
...
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
...
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Bienal do Livro em PE
A bienal é considerada a 3ª maior do Brasil, atrás apenas do Rio e São Paulo. Desta vez, o Rio Grande do Sul é o estado homenageado. Por isso, durante o período da feira, os organizadores esperam receber mais de 500 mil pessoas.
A programação promete oficinas literárias, apresentações teatrais, interpretação textual, palestras, debates, entrevistas e bate-papos acerca das produções literárias. A ideia é apresentar livros que não são achados na maioria das livrarias. E sempre com o cuidado de viabilizar estas ofertas com preços acessíveis.
Mais informações no link abaixo:
http://www.bienalpernambuco.com/
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Pulsão de fogo

terça-feira, 1 de setembro de 2009
Quant à moi, je vous offre mon visage au vent
Quanto a mim, ofereço meu rosto ao vento.
(Clarice Lispector)
Sem exigência do diploma, faculdades fecham cursos de Jornalismo
O mais incrível disso tudo é que a graduação de Jornalismo nesta universidade obteve conceito 5 no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) em 2006, o mais alto dado pelo Ministério da Educação.
Também... Com uma mensalidade de R$ 2.000, neste caso da Facamp, quem vai querer pagar tão caro por um diploma que não é mais exigido para o exercício da função?
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Coluna literária
Coluna literária
Texto: Ezequiel Monteiro (Advogado)
Prioridade – Há uma característica essencial na curta ficção de Lara Aguiar que não abordei nos dois artigos analíticos que escrevi sobre a recôndita obra da escritora sergipana, de quem só conheço três contos. Nesses textos as palavras não são dispostas de maneira a formar um sentido preciso e explícito, não se apresentam com o rigor da acepção habitual, não assumem uma estrutura de linguagem comum; constroem uma ambigüidade semântica, são alinhadas com a flutuação dos símbolos e se oferecem ao leitor comportando seus sentidos múltiplos.
Nesse original e renovado tipo de literatura, a linguagem deixa de ser aquilo que sempre foi – instrumento e veículo da expressão literária – para se tornar um fim em si mesma, instituindo o princípio de que literatura é linguagem. Além disso, a natureza simbólica que a contista aracajuana imprime à sua prosa, com sua margem de imprecisão e nuanças conotativas permitindo leituras múltiplas, diferentes, também instaura uma espécie de interação e parceria entre a autora e os leitores no processo literário. Não gostaria que pensassem que falo de Lara Aguiar como uma escritora que já chegou ao seu ponto mais alto. A literatura é um processo longo, difícil e solitário, principalmente em uma cidade que despreza e persegue os escritores.
Por outro lado, as peculiaridades do temperamento pessoal da ficcionista, confinada em uma opulenta vida interior que não deixa espaço para o mundo, ao mesmo tempo em que confirma as suposições de um raro talento literário, também tem provocado sua retração do cenário gráfico de Aracaju, mesmo trabalhando em um jornal que dá espaço às produções literárias. Esse solipsismo da inventiva escritora tem ocultado sua obra, mas também é verdade que a comunidade literária desta cidade não faz nada por ela. Envaideço-me pelo fato de ser um dos poucos articulistas que crêem no valor e no tremendo potencial dessa moça. Aplico aos contos de Lara Aguiar esse comentário de Roland Barthes, um dos expoentes da crítica literária francesa, inserto em seu famoso ensaio “Crítica e Verdade”, Ed. Perspectiva, págs. 215/6: “Pretende-se sempre que o símbolo não seja mais do que uma propriedade da imaginação. O símbolo tem também a função crítica e o objeto de sua crítica é a própria linguagem. Às Críticas da Razão que a filosofia nos deu, podemos imaginar que se acrescente uma Crítica da Linguagem, e é a própria literatura”. Este artigo evidencia com fatos concretos que o senso literário da escritora sergipana está sintonizado com a vanguarda crítica do mundo e esse é um sinal eloqüente da dimensão de seu talento, da grandiosa potencialidade de sua vocação literária. A edição de seu livro de estréia é uma prioridade cultural, como já defendi em artigo anterior. Enquanto isso, o mestre Paulo Fernando Morais abandona de vez a literatura erudita e assume o cordelismo de “Mariom”. São tantas as peripécias do conto publicado no último domingo e tais as particularidades ônticas da heroína, tudo apresentado em uma linguagem declamatória, que salta aos olhos o etos do cordel.
Também pode ser encontrado no link:
http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=40567
sábado, 29 de agosto de 2009
Ato em defesa de São Cristóvão como Patrimônio da Humanidade
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Blog comenta sumiço de Belquior
Belquior das Canções
Deu no Fantástico: Belchior sumiu. Para os mais novos, que não o conhecem das canções, ou sabem das canções, mas não sabem que são dele: Belchior, o cantor-compositor cearense sumiu. Aquele que dizia ser um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, e vindo do interior. Dizem que apareceu num show de Tom Zé, ainda este ano, mas, depois, não foi mais visto.
Há dois anos, a ex-mulher não tem notícias, dois carros seus estão abandonados ou, pelo menos, estacionados sem que ninguém os reclame. Deixou dívidas. Eu nem vi a matéria na TV, peguei na página do portal Terra e pensei: Belchior já tinha sumido de nós há mais tempo. Não se falava dele nos jornais, na Internet, no que se chama a grande mídia. Precisou sumir pra que se falasse dele. Até parece história das presentes em suas letras, "feito aquela gente honesta, boa e comovida/ que caminha para a morte/ pensando em vencer na vida".
Provavelmente, vão dizer que foi uma vítima do Sistema, será feito um documentário, e aparecerão os doutos dizendo que ele era um gênio incompreendido. Talvez elucidem o mistério, talvez não. Talvez a razão do sumiço seja bem prosaica, distante do nosso entendimento.
No entanto, suas canções, bem maior de um compositor, estão vivas e presentes na memória dos brasileiros que o ouviram cantar, e viam aquele hippie de vasto bigode, lirismo triste e combativo, e versos incomuns. Se alguém, de repente, começa a cantarolar "não quero lhe falar, meu grande amor/ das coisas que aprendi nos discos/ quero lhe contar como vivi/ e o que aconteceu comigo...", é impossível não se lembrar da interpretação de Elis Regina, e de como aquela gravação se tornou um standard da música brasileira. As cantoras que vieram bem depois de Elis, como Daniela Mercury, gostam de cantá-la pra chegar perto do modelo de cantora que é Elis.
Tanto que há uma historinha que diz que Sandy, em uma data familiar, escolheu cantar, em homenagem aos pais, Como nossos pais, que é o título desta canção de Belchior. Imagino Sandy se dando conta do que diz a letra da música, no momento mesmo em que está cantando: "minha dor é perceber que apesar de termos feitos tudo que fizemos/ ainda somos os mesmos e vivemos/como nossos pais".
A música de Belchior é a notícia mesmo de que o sonho havia acabado, contrapondo-se inteligentemente à alegria tropicalista: "nada é divino, nada é maravilhoso/ ao vivo é muito pior". Há uma urgência em seus versos, e na sua interpretação angustiada, sanguínea, sensual, quase falada: "quando eu cantar/ quero ficar molhado de suor/ e, por favor, não vá pensar que é só a luz do refletor".
E há - por que não? - uma nostalgia como no subtítulo de Mucuripe, "jovem também sente saudade". A sessão de cinema das cinco, a camisa toda suja de batom. E uma canção alegre, Medo de avião, releitura de I wanna hold your hand, dos Beatles, e que ganhou uma outra melodia de Gilberto Gil, também bonita.
Estou lembrando dos versos e ouvindo as canções aqui na minha rádio-cabeça, aos pedaços, e tendo bem presente os instantes em que, adolescente, ficava fascinado por um verso que dizia "eu quero é que este canto torto feito faca corte a carne de vocês". Há uns cinco anos, vi Belchior cantando essa música no programa Altas horas, junto com o Los Hermanos.
Das canções cujas letras ganham versões maliciosas e populares tem aquela que diz "aí um analista me comeu", em vez de "aí um analista amigo meu", que é a letra original. É engraçado, e não é pouco. Caymmi uma vez disse que seu sonho era ser um autor de algo que se perdesse no meio do povo. Aconteceu com ele, e, de certa maneira, com Belchior.
Esse texto não é e nem pretende ser um necrológio, pois não se sabe se Belchior morreu. Ele só sumiu, ou sumiu só. Mas eu sei onde ele anda: em suas canções imorredouras, vivas, presentes e, ainda e sempre, urgentes. Além, no Corcovado, quem abre os braços, é Belchior. Copacabana, o mar, as borboletas pousando entre as flores do asfalto, são Belchior, talvez cansado de nós, repousado de nós, infinito de nós.
* Pode ser visto no link abaixo:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3942820-EI6621,00-Belchior+das+cancoes.html
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A escritura como catarse

Em uma entrevista à revista Língua Portuguesa, o escritor Cristovão Tezza (um dos mais reconhecidos nos últimos anos, com várias de suas obras premiadas) explica que o seu mais recente livro, "O Filho Eterno", é um tanto autobiográfico, mas que só foi possível escrevê-lo porque já foram superados os dramas e houve um distanciamento e a frieza necessários para transformar as experiências em texto. E ele vai além: "Escrever não é catarse nem derramamento emocional. É uma representação distanciada".
Ora, a partir dessa opinião, podemos chegar à seguinte conclusão: existem escritores que preferem acreditar na própria imparcialidade com relação às suas vivências, principalmente internas, na hora de escrever; outros admitem ser praticamente impossível estar distante de si o suficiente para que nenhum resquício de sentimento seja transposto para o papel.
Desses dois tipos de autoria, Cristovão Tezza está dentre aqueles que prometem o afastamento do que vem de si próprio. Já Clarice Lispector pode ser a representante de um viés literário que tem como premissa a escritura desenhada com sangue. E o que dizer de toda literatura que utiliza o recurso do "fluxo de consciência", gasto até as tampas por Wirginia Woolf e até bastante comentado por Tezza em uma de suas análises críticas sobre a obra dela?!
Para alguns, talvez a literatura mais ardente e pulsante seja aquela que consiga transpor o "eu individual" e diluir-se no universo, mas sem perder o elo com a essência que pede erupção. Isso quer dizer que, mais do que resolver conflitos existenciais do escritor, a obra que surge e capta como base a própria experiência, serve para traduzir o indizível para o mundo, para causar identificações e fazer com que o leitor se sinta menos solitário a cada texto compatível com seu “ar de dentro”. Como dizia Clarice, a escrita é uma espécie de salvação. Salva quem faz e quem lê.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
II Prêmio Literário Canon de Poesia 2009
O objetivo do concurso é descobrir novos talentos, promover a literatura e difundir a impressão digital de livros no Brasil. Não há necessidade da poesia ser inédita.
As inscrições podem ser feitas até 15 de setembro de 2009, através do link:
http://www.concursosliterarios.com.br/formulario.php?id=289
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Cartas de Rilke

Difícil falar de Rainer Maria Rilke (1875-1926), um dos autores de língua alemã mais conhecidos no Brasil. Já tinha ouvido falar bastante, o que sempre tinha me deixado curiosa. Mas, depois das facilidades ($$$) proporcionadas pela L&PM Pocket, adquiri o livo "Cartas a um jovem poeta". Não sou muito chegada em compilação de cartas de autores transformada em livro, mesmo que tenha sido através de um livro nesses moldes que cheguei a Clarice Lispector. Mas, a diferença desta obra é que ela não traz a compilação de cartas escritas por Rilke e o outro interlocutor, mas somente as cartas enviadas por Rilke ao jovem Franz Xaver Kappus, que as publicou em 1929.
Em cada carta, Rilke rememora um pouco do que Kappus lhe escreveu e responde com vários conselhos para o aspirante a poeta. Com uma escrita um tanto filosófica, mas com uma linguagem simples, Rilke consegue passar um pouco das suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida.
Rilke recomenda a quem deseja ser poeta, que volte para si mesmo e investigue o motivo que o impele a escrever. "Preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave com um forte e simples 'preciso', então construa sua vida de acordo com essa necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso", diz Rilke.
Uma das passagens mais interessantes está na pág. 35, quando ele fala que "obras de arte são de uma solidão infinita, e nada pode passar tão longe de alcançá-las quanto a crítica. Apenas o amor pode compreendê-las, conservá-las e ser justo em relação a elas".
Além da criação artística, Rilke dialoga sobre Deus, o sexo, o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão que jamais abandona o ser, assuntos que podem ser encontrados nas cartas que foram escritas no início do séc. XX.
Vale a pena conhecer esse poeta alemão que deixou registrado, em uma de suas cartas a Kappus, talvez a felicidade de ver sua obra sendo degustada por aspirantes a poeta como um dia ele deve ter sido: "Gosto de saber que meus livros estão em suas mãos".
sábado, 15 de agosto de 2009
Chuva salgada

Essa chuva que cai agora, há muito já parou de pingar doce nas minhas costas. Pelo menos lava a armadura, o couro, as unhas e a tatuagem. Faz cócegas no leito do meu pensar e ainda assiste ao arrepio de quem vibra com tudo que transborda em líquido. Splash, mergulha e chuááá. É melhor virar água, molinha, escorregadia, transparente, límpida. Oh... lá se vai mais um tribal de sonhos escorrendo por entre pias e canos sedentos e entupidos de um limo chamado desejo. O olhar para o infinito é o próximo a deslizar para acompanhar essa corrente caudalosa e desembocar no ralo. Sobe agora um cheiro de vontades revoltadas...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Poesia para degustação

Na contracapa do livro, aparecem depoimentos rasgados de Millôr Fernandes e Caio Fernando Abreu. Não que isso tenha sido fator integrante para o olhar extasiado sobre as poesias. Apenas acrescenta, comove, consolida.
Ela traz força, brincadeira, ironia, sabor à poesia que tem um tom descaradamente feminino. Em cada verso, uma combinação que parece ter nascido para dar certo. Há muito mais cores dentro do texto do que se imagina, quando se olha apenas para o superficial das linhas. Aliás, nelas, é constante o susto da identificação daquilo que não se diz, ou não se consegue dizer. É poesia para experimentar, degustar, mostrar para os colegas, sorrir e corar de uma satisfação que pede para ser explorada.
Pequena biografia
Martha Medeiros trabalhou como redatora e diretora de criação em vária agências de Porto Alegre. Em 1993, a literatura fez com que a autora, que nessa ocasião já tinha publicado três livros, deixasse de lado essa carreira e se mudasse para Santiago do Chile, onde ficou por oito meses apenas escrevendo poesia. De volta ao Brasil, começou a colaborar com crônicas para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde até hoje mantém coluna no caderno que circula aos domingos. Também é colunista do jornal O Globo, do Rio de Janeiro.
Seu primeiro livro, Strip-Tease (1985), Editora Brasiliense - São Paulo, foi o primeiro de seus trabalhos publicados. Seguiram-se Meia noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia Reunida (1998), Geração Bivolt (1995), Topless (1997) e Santiago do Chile (1996). Seu livro de crônicas Trem-Bala (1999), já na 9ª edição, foi adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke. Já o livro Divã (2002) deu origem a uma peça e depois a um filme, ambos estrelados pela atriz Lilia Cabral, no papel de Mercedes.
Poemas:
1.
você bem que podia ter surgido na minha vida
vinte anos atrás, quando eu ainda tinha planos
quinze anos atrás, quando eu estava me formando
onze anos atrás, quando eu morava sozinha
dez anos atrás, quando eu ainda era solteira
seis anos atrás, quando eu ainda estava tentando
dois meses atrás, quando sobrava alguma força
ontem à noite eu ainda estava te esperando
2.
pra morangos, digo sim
pra ciganos, digo sim
pra candangos, digo não
pra fulanos, digo sim
pra sopranos, digo sim
pra capangas, digo não
pra moicanos, digo sim
pra romanos, digo sim
pra malandros, sim e não
3.
todo conto de fada
faz-de-conta que não sabe
4.
quando dou pra ti
sou mulher
quando dou por mim
solidão
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Envolvente "Inimigos Públicos"

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Disciplina sobre cinema é ofertada na UFS
O horário de funcionamento será aos sábados pela manhã, mas as únicas presenças obrigatórias serão para as duas provas presenciais. Uma terceira nota será obtida através de atividades online. O aluno deverá ter acesso a computador e manter sempre seu e-mail atualizado.Mais informações podem ser obtidas através do e-mail paristexas@uol.com.br.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Aberração caprina
Vejam um trecho da versão de Rita Lee:
O bode saiu com a cabra
Foram andar a pé
O bode pisou na cabra
A cabra gritou mé
A cabra gritou méiéié
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Coletiva "Anistiados"
As telas estarão acompanhadas de textos de alguns escritores de Sergipe, entre conhecidos e recém descobertos, que focaram suas ideias em uma determinada obra e a partir daí traduziram, cada um ao seu modo, o famoso grito de liberdade de uma agonia que fez parte da história do país. Também haverá uma videoinstalação, configurando um misto de diversos trabalhos artísticos em torno do tema "anistia".
Participantes da Coletiva com textos:
Carlos Cauê
Cleomar Brandi
Lara Aguiar
Maria Carolina Barcellos
Maruze Reis
Nina Sampaio
Raphael Borges (Mingau) - (videoinstalação)
Ronaldson Sousa
Vladimir Oliveira
Acesse o blog: http://www.anistiados.blogspot.com/
Texto publicado no JC
Decifrar o mistério – O mistério da literatura sergipana é a obra contística de Lara Aguiar. Em 2008, foram publicados dois contos dessa revisora do JORNAL DA CIDADE, que despertaram grande interesse na comunidade literária de Aracaju, por sua concepção inteiramente nova da estrutura, da linguagem e do próprio sentido da curta ficção. Era a explosão do Novo na arte literária em Sergipe e esses dois primeiros contos da jovem escritora despertaram a expectativa de novas publicações que não aconteceram. Acho que estou sendo traído pela memória. Os fatos que estou rememorando nestas linhas ocorreram em 2007, portanto pelo menos há uns dois anos. Não há como lidar eficientemente com a velocidade do tempo. De fato, há dois anos que “Estranhamento” e “Oceano Só” saíram neste mesmo espaço e nunca mais se viu nada da revolucionante contista. À época, Lara já tinha escrito mais de 100 peças de curta ficção e neste final de julho de 2009 não posso estimar o volume de seu acervo, embora me arrisque a pensar que ela já disponha de material suficiente para a organização de dois livros de contos. Por outro lado, minha especulação pode estar fora da realidade, caso a escritora tenha se transferido para a novela ou o romance. Qualquer que seja o número de contos já produzidos por essa autora, creio na qualidade e no sentido inovador dos mesmos. A propensão natural de quem escreve é transmitir sua arte aos outros. A literatura é conhecimento e comunicação. Os humanos vivem para se realizar e a literatura, apesar de sua marginalidade e estigma, realiza à sua maneira.
Por sua preciosidade literária, decorrente da trescalante originalidade da proposta contística que assume, esse instigante material de Lara Aguiar não pode continuar na região do limbo. Precisa de uma edição imediata, porque se insere na questão do conto em Sergipe – com seu impulso inovador – e também porque a comunidade literária desta cidade acredita no potencial da juventude. O advogado Luiz Eduardo Oliva, presidente da Segrase, pretende envolver a editora do Estado na publicação de autores sergipanos. Nada melhor que esse programa seja inaugurado com o volume de estréia de Lara Aguiar. Não devemos continuar dando a impressão de que resistimos à juventude e não acreditamos nela. Precisamos dar mais oportunidades aos jovens.
Como se podem renovar a sociedade, os valores e a literatura, com a marginalização da juventude? Existe muita distância, em Aracaju, entre a elite intelectual e a mocidade. Talvez o egocentrismo da minha geração esteja produzindo descrença e pessimismo entre os jovens. Vamos decifrar o mistério Lara Aguiar.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Saiu em Cláudio Nunes
Pedintes universitários
E-mail recebido: “Me revolta, enquanto ex-universitária que junto com as colegas trabalhou, vendeu roupa usada em feiras e produziu eventos para conseguir ir a um Congresso ou juntar grana para a Formatura, ter que ver um bando de estudantes universitários com faixas nos semáforos da cidade pedindo nos vidros dos carros. Já começam querendo ganhar sem produzir... Gente, estamos produzindo mendigos elitizados? Recuso-me a ajudar universitários nestas condições. Às vezes chego a pagar por eventos que sei que não vou comparecer, compro coisas que não vou usar somente com o ntuito de ajudar aos estudantes, mas da forma que está acontecendo na cidade me dá uma imensa tristeza e vergonha de termos seres que nem começaram na vida profissional e já não querem trabalhar pra ganha”.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Skoob é mais um ambiente colaborativo na internet
* Artigo publicado na coluna Saber Ciência (UFS) no jornal Cinform, de 20 a 26 de julho de 2009. O texto foi produzido como exigência parcial para a disciplina "Linguagem do texto digital", ministrada em 2009, pela profª drª Lilian França, junto ao mestrado em Letras/UFS.
Por Lara Aguiar
Os ambientes colaborativos na internet estão alcançando o auge nos últimos anos. Uma prova disso é a crescente participação e acesso de internautas no Wikipédia, site onde todos podem contribuir com informações ou até mesmo retirá-las, se transformando em partícipe e co-autores do conteúdo exposto. Seguindo essa mesma vertente, surgiu no Brasil o site Skoob, uma das primeiras redes sociais focadas especificamente em livros.
No Skoob (www.skoob.com.br), o internauta pode montar a própria estante de livros, que ficará à mostra de amigos e seguidores. Como o site foi lançado no começo de 2009, muitos livros ainda não estão no banco de dados, mas podem ser cadastrados pelos próprios “skoobeiros”, com direito a sinopse, foto da capa e informações gerais sobre o livro.
Outro ponto interessante no site é que há um marcador que quantifica quantos livros já foram lidos, quais serão lidos, quais foram abandonados. Todos esses detalhes atiçam ainda mais a vaidade dos leitores em potencial. Há também o paginômetro, que calcula quantas páginas a pessoa já leu, a partir da soma de todos os livros colocados na estante virtual.
Inicialmente, o Skoob (books ao contrário, que significa “livros”) foi criado por um grupo de amigos que desejavam discutir sobre os livros que haviam lido, mas não ficou restrito a somente esse objetivo. Com a grande procura pelos internautas, os criadores acabaram liberando o site para o público em geral. Até jornais de grande circulação, como a Folha de São Paulo, já noticiou sobre a repercussão desse site no mundo cibernético.
Como a internet permite uma ampliação do campo comunicacional, ofertando como diferencial a possibilidade do usuário ser também o desenvolvedor de conteúdo, o Skoob é mais um site dentro dessa estrutura que hoje é mais um ambiente de comunicação de massa.
Algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, publicadas pelo site New Scientist Tech, afirmam que os internautas contribuem em sites colaborativos com o intuito de chamar a atenção. Um exemplo disso é o famoso site YouTube, onde são exibidos vídeos de qualquer pessoa que queira cadastrar algum tipo de filmagem. Quanto mais existir visualizações a esse vídeo, mais o dono fica dependente dessa participação na internet.
Assim como os blogs, o Orkut, o Youtube, o Overmundo, o Wikipédia e o Skoob têm algo em comum: a interatividade. Todos prometem liberdade de expressão, de contribuição. Mas, nem sempre uma informação online é confiável, pois pode ser escrita por qualquer pessoa, mesmo anônima, sem as devidas checagens de veracidade da informação. As informações, no caso do Skoob, são resenhas dos livros, que podem ser corrigidas, criticadas e completadas por qualquer outro usuário.
Os meios de comunicação não são os únicos detentores da veiculação de informações. A organização agora é feita de forma multilateral, o que significa que os receptores não são somente passivos, já que são capazes de gerar informações. Isso é o que acontece com o Skoob, pois dá a oportunidade para que todos interajam, tenham amigos para compartilhar gostos literários, deem suas opiniões sobre qualquer livro, façam indicações, cadastrem livros, preencham a própria estante. Ou seja, em sites colaborativos como o Skoob, todos compartilham da inclusão de dados que é feita por cada usuário, além de estabelecerem um relacionamento com os colegas de rede e receberem um impacto a partir das próprias publicações.
Sobre escrever
(Clarice Lispector)
É o prazer da consciência de si o que move os sensíveis da escrita...
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Cadelinha perdida é destaque na TV
Ora, que eu saiba, há muito tempo que sumiço de cachorro deixou de ser notícia, até porque, é bastante comum esses problemas nas grandes cidades. Será que foi falta de assunto da emissora? Eu confesso que achei muito estranho dar tanta audiência a essa pauta. Não tinha mais nada grave acontecendo em Sergipe? Não que eu não goste de animais, pelo contrário, mas simplesmente não entendi alguém ter escolhido exatamente este caso de cachorro perdido para dar ênfase sem nenhum motivo diferenciado.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Essa é pra sentir...
quinta-feira, 25 de junho de 2009
"Quando estou amando"


Mas não é só isso. Sinopses são sempre objetivas e factuais, por isso aqui cabe destacar a estonteante interpretação da bela Cécile De France, que só pela sua delicadeza e sensualidade já preenche a tela da nossa televisão. Linda, porém marcada pela dor, sua personagem traz nuances que merecem ser observadas, como só a França sabe bem explorar, quando traduz em imagem todos os detalhes de algumas sensações.
O filme é extremamente delicado, amoroso, e, por que não dizer, real! É isso aí, parece um documentário da realidade emocional de duas pessoas com dificuldade de se entregar para um amor por conta de problemas mal resolvidos internamente. Então, é filme para desfazer preconceitos, mostrar como acontecem relações onde o desejo toma lugar das convenções sociais e tudo se transforma com dureza, mas, por isso mesmo, com mais cor e diversidade.
É filme para quem gosta de um romantismo desfiado, singelo. Há também muita verbalização, o que para alguns críticos se torna maçante, mas não para quem aprecia o ritmo e força da palavra falada, que parece revelar demais, mas na verdade seduz com o não-dito. A trilha sonora, por exemplo, é mais uma das forças no filme, já que a personagem principal canta várias músicas no decorrer da história, que, de um jeito ou de outro, acabam conquistando o espectador mais sensível, ávido por narrativas cinematográficas com gosto de vida.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Layout novo!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Incertezas
terça-feira, 9 de junho de 2009
O que ser?
sábado, 6 de junho de 2009
4ª CineOP
A 4ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) exibirá 71 filmes este ano, entre longas, médias, curtas digitais e em película. As sessões acontecerão em três espaços diferentes da cidade histórica no Estado de Minas Gerais, de
A CineOP também engloba oficinas, seminários, exposições e debates. Durante o evento, será destinada uma atenção especial à produção de filmes dos anos 70, incluindo as mulheres que participaram desse período do cinema brasileiro, como a atriz Zezé Motta, que será homenageada pelo filme “Xica da Silva”.
Detalhe: Lembrar que nesta época do ano Ouro Preto está bem fria e aconchegante.
Mais informações no site:
www.cineop.com.br
sábado, 30 de maio de 2009
Pérolas da Barra II
Pérolas da Barra I
sábado, 16 de maio de 2009
Devaneios
sexta-feira, 15 de maio de 2009
"Piratas" encantam Aracaju
Os gestos muito bem pensados aliados aos movimentos treinados exaustivamente, foram a tônica da noite. As cores, então, eram a festa para os olhos da garotada que observava o cenário dentro da temática a qual se propôs o espetáculo intitulado "Piratas", todo bem costurado e cheio de ritmo.
A cada ato, uma surpresa. Coisas que não se imaginam reais, estão lá. Sim, é possível, você diz. Mas não para qualquer um. E, ao mesmo tempo, quando o prato não volta para a mão certa, o salto não sai bem sucedido, está lá o povo a aplaudir a tentativa, como se dissesse: eles são reais, também erram como nós.
O Ginásio Constâncio Vieira esteve lotado numa noite de chuva que se tornou inesquecível para milhares de mentes incendiadas com a certeza das possibilidades, graças ao Circo Nacional da China.
Fotos: Lara Aguiar