quarta-feira, 29 de julho de 2009

Texto publicado no JC

Foi publicado hoje, no Jornal da Cidade, texto do advogado Ezequiel Monteiro que me deixou bastante perplexa e ao mesmo tempo feliz. Confira:


Decifrar o mistério – O mistério da literatura sergipana é a obra contística de Lara Aguiar. Em 2008, foram publicados dois contos dessa revisora do JORNAL DA CIDADE, que despertaram grande interesse na comunidade literária de Aracaju, por sua concepção inteiramente nova da estrutura, da linguagem e do próprio sentido da curta ficção. Era a explosão do Novo na arte literária em Sergipe e esses dois primeiros contos da jovem escritora despertaram a expectativa de novas publicações que não aconteceram. Acho que estou sendo traído pela memória. Os fatos que estou rememorando nestas linhas ocorreram em 2007, portanto pelo menos há uns dois anos. Não há como lidar eficientemente com a velocidade do tempo. De fato, há dois anos que “Estranhamento” e “Oceano Só” saíram neste mesmo espaço e nunca mais se viu nada da revolucionante contista. À época, Lara já tinha escrito mais de 100 peças de curta ficção e neste final de julho de 2009 não posso estimar o volume de seu acervo, embora me arrisque a pensar que ela já disponha de material suficiente para a organização de dois livros de contos. Por outro lado, minha especulação pode estar fora da realidade, caso a escritora tenha se transferido para a novela ou o romance. Qualquer que seja o número de contos já produzidos por essa autora, creio na qualidade e no sentido inovador dos mesmos. A propensão natural de quem escreve é transmitir sua arte aos outros. A literatura é conhecimento e comunicação. Os humanos vivem para se realizar e a literatura, apesar de sua marginalidade e estigma, realiza à sua maneira.
Por sua preciosidade literária, decorrente da trescalante originalidade da proposta contística que assume, esse instigante material de Lara Aguiar não pode continuar na região do limbo. Precisa de uma edição imediata, porque se insere na questão do conto em Sergipe – com seu impulso inovador – e também porque a comunidade literária desta cidade acredita no potencial da juventude. O advogado Luiz Eduardo Oliva, presidente da Segrase, pretende envolver a editora do Estado na publicação de autores sergipanos. Nada melhor que esse programa seja inaugurado com o volume de estréia de Lara Aguiar. Não devemos continuar dando a impressão de que resistimos à juventude e não acreditamos nela. Precisamos dar mais oportunidades aos jovens.
Como se podem renovar a sociedade, os valores e a literatura, com a marginalização da juventude? Existe muita distância, em Aracaju, entre a elite intelectual e a mocidade. Talvez o egocentrismo da minha geração esteja produzindo descrença e pessimismo entre os jovens. Vamos decifrar o mistério Lara Aguiar.

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