Queria alinhavar o instante, pregar botões pra dar estabilidade ao tempo e ao pano, costurar em zigzags sem sentido, só pra ver a força da estampa amaciar um corpo. Mas, antes, preferia descer por entre escadas, entre salas, entre valas, até o bueiro mais próximo da minha infernidade. Tudo isso só pra ganhar córrego, captar sementes, sortear desgostos. Não, definitivamente não. O que está lá dentro deve ser bom, mas inatingível. Como vivo de negativas, enxergar o invisível é esforço pra lá de humano. E a minha humanidade já anda cansada. Talvez devesse ser fada. Ou anjo. Ou desdém. Deveria querer o sonho, a leveza, o menor impacto possível. Enfim, amor...tecido.
Texto: Lara Aguiar
2 comentários:
PUTA MERDA!!!!
Uma de suas melhores, LARA.
MUITO BOA!!!
Bjos
Suyene
Por onde descem corpos e almas, na devassidão do que é o viver, é lá onde as possibilidades de "ser" habitam, mas é preciso descer sem perder "nossos alinhavos"; percebendo que ir e vir é existir.. São nesses devaneios que textos profundos afloram como dispositivos sobre nós..Seu texto é, no sentido foucaultiano, um dispositivo... Abraços...
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