domingo, 20 de setembro de 2009

Poema Moseiano

A pedidos, mais um de Viviane Mosé:


Queria escrever todas as plantas e pessoas, todos os rios.
Os muros, as cores, os homens.
As senhoras de idade, as caixas de correio, os espanhóis.
Os olhos e as ruas, os tamanhos e larguras, as alturas.
As pernas, os falos, os pêlos, os pulsos.

Queria escrever o ritmo das pedras, das estradas calçadas.
Das margaridas. Escrever o que manda e o que obedece.
O que cresce e o que padece de amparo. O que afunda,
O que eclode. Escrever o que não sabe e o que não cabe
Em lugar nenhum.

E viver a escrita das coisas. Não as coisas
Que não me cabem. Coisas e pessoas não me cabem
E sem cabimento me atravessam.
Pessoas passam depressa demais entre meus poros. E vão.
Eu tenho uma imagem presa na garganta.
Ser gente me arranha. Quero voltar a ser palavra

Um comentário:

Fátima Lima disse...

Maravilhoso... Voltar a ser palavra....