Constância de sonhos, desmembramento de construções, olhar
perdido na infinidade de possibilidades. O nada se prontifica, faz instalação
em peito farto de tiros ao vento. E o cheio se aproveita para descansar
enquanto não é chegada a hora de abastecer a vida com galanteios da música,
floreios de amor e quedas menos bruscas. Já que o tombo existe, que seja apenas
de raspão. A arma já está apontada para a cabeça e as ilusões não demonstram
nem interesse em permanecer. Só o real agoniza, força a dor e desencanta até os
mais lúcidos, calejando o que é de dentro e feito para ser intenso. Quanto mais
se justifica o silêncio dessa agonia, mais ela se expande, ganha dimensões nada
coloridas e flerta com a decadência. Sobreviver ao caos é preciso. E mais
necessário ainda é ver o amanhecer ouvindo os violinos da vida pulsando e
chamando para o combate. Assim a crença se volta para a necessidade do olhar infinito
em busca da primeira dança de sorrisos a bailar pelo corpo.
Foto: Lara Aguiar
- Obra de arte exposta no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires
Um comentário:
Você realmente é uma escritora... Sempre achei que sim. Desde a UNIT.
Luis.
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