A revista Bravo! deste mês traz, na seção de música, uma matéria intitulada "É o inverno que acaba, é a neve que derrete". O texto fala das mudanças pelas quais muitas músicas brasileiras são obrigadas a passar quando se transformam em versão para o exterior. Como algumas não tem sentido no país onde serão executadas, o conteúdo é modificado. Pior ainda é quando os arranjos ou a própria melodia sofre alterações. Outro dado em destaque na matéria é o fato de os gringos até hoje só quererem levar para fora as versões das canções das décadas de 40 e 60. A primeira, devido ao furacão midiático (para a época) Carmen Miranda. A segunda, devido à moda da Bossa Nova atravessando fronteiras mundo afora.
Mas a questão é: por que o calor do Brasil nas músicas da Bossa Nova tem que virar geleiras nas versões europeias? Ah, os franceses não iriam querer conhecer e absorver a massa cultural brasileira, que ferve e é cheia de notas calorosas? As 'águas de março', por exemplo, tão retratadas por Antonio Carlos Jobim, viraram 'águas do degelo'. Mas vou além: por que a música tem que ter versão para ser aceita, seja nos EUA ou na Europa? Se estiver em legítimo português brasileiral, elas não têm valor?
Bom, aqui chega música de tudo quanto é lugar, no original, com o conteúdo bem preservado. E a gente aqui que se vire pra adentrar naquela cultura e tente compreender o que está sendo dito. A não ser que nós escutemos aquelas versões toscas de Aviões do Forró e porcarias afins. Aí sim teremos nos vingado desses estrangeiros que teimam em levar para o mundo aquilo que não é mais Brasil, e sim um retalho de uma musicalidade diversificada, rica e corada de criatividade como é a brasileira.
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