A mais recente edição da revista "Caros Amigos" apresenta uma entrevista com o poeta Manoel de Barros. Como sou a-p-a-i-x-o-n-a-d-a por este escritor do Pantanal, resolvi transcrever aqui uma das respostas dele:
"Eu acho que não sou [um poeta] popular. Eu acho que de certa maneira chego a ser difícil, porque tenho muita criação de imagem, sabe. As pessoas que gostam mais de usar a razão para ler, não gostam muito de mim. Só aqueles que usam a sensibilidade são meus leitores, eu tenho certeza disso. As pessoas que lêem querendo compreender, não. Porque eu não quero falar nada. São só umas imagens. Eu acho que a minha poesia tem muito haver com as artes plásticas, e com o cinema também. Sou apaixonado pela pintura. Eu tenho a facilidade de enxergar atrás do quadro, aquilo que eles querem dizer."
Bom, entrei em êxtase quando li exatamente esta parte. É que ele descortinou o que venho tentando dizer há algum tempo, principalmente quando me perguntam o que estou querendo dizer com os meus textos. Assim como Manoel, também não quero dizer nada, quero apenas fazer "sentir". Mas, me deixando um pouco de lado agora, também lembrei de todos os escritores que viveram de criar imagens através da palavra ou em cima dela. Infelizmente, Manoel não é alcançado por todos. Quem apenas usa a razão e a objetividade em momentos de poesia, não terá como compreender a sutileza de uma criação voltada para o prazer de brincar com os signos e de sentir a vibração da palavra.
Não adianta querer compreender; apenas sinta.
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